Lisboa, 22 Nov (Inforpress) – A directora Nacional da Saúde destacou hoje a necessidade de alinhar as políticas públicas ao desenvolvimento e à retenção de profissionais de saúde, como formas de assegurar a sustentabilidade do sistema nacional de saúde a longo prazo.
Ângela Gomes apontou esses desafios quando falava, por videoconferência, a partir de Cabo Verde, sobre “Avanços e desafios nos cuidados de saúde primários na perspectiva dos gestores dos sistemas de saúde”, durante o seminário internacional “Cuidados de saúde primários nos Estados-membros da CPLP”, que decorre de forma híbrida, a partir da sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, de 20 a 22 de Novembro
“Temos o Plano Nacional de Desenvolvimento de Recursos Humanos para 2023-2026, que visa reforçar a formação de base e a especialização, fundamentais para mitigar a mobilidade elevada dos nossos profissionais, que coloca em risco o sistema”, afirmou.
Segundo a dirigente, embora Cabo Verde tenha sido certificado no início de 2024 pela erradicação do paludismo, desafios persistem, sobretudo no financiamento dos cuidados primários de saúde, que muitas vezes dependem de recursos externos, tendo alertado que essa dependência pode criar instabilidades e comprometer a sustentabilidade dos programas.
A directora Nacional da Saúde enfatizou que os cuidados primários desempenham um papel essencial na promoção e prevenção de doenças, mas continuam subfinanciados em relação às necessidades crescentes, como a formação de equipas multidisciplinares compostas por médicos de família, enfermeiros e nutricionistas.
“A primeira leva de 22 médicos de família já foi formada, mas ainda temos um número insuficiente para atender à demanda. Até conseguirmos um contingente adequado, enfrentamos deficiências que impactam directamente a implementação efectiva dos programas de saúde pública”, observou.
Apesar das limitações, Ângela Gomes frisou que Cabo Verde tem alcançado avanços significativos, como a cobertura universal de saúde, superior a 71 por cento (%), a redução das taxas de fertilidade para 2,5 filhos por mulher e o aumento da esperança de vida, que ultrapassa 71 anos para homens e 80 anos para mulheres.
No entanto, a responsável destacou que o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crónicas não transmissíveis representam novos desafios para o sistema, tendo reforçado a importância de integrar os cuidados primários e hospitalares com maior qualidade e eficiência, garantindo a continuidade e a complementaridade das acções de saúde.
O seminário internacional é organizado pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) da Universidade Nova de Lisboa e pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde de Portugal (CONASS), respectivamente, membro e coordenador da Comissão Temática de Saúde e Segurança Alimentar e Nutricional dos Observadores Consultivos da CPLP, em parceria com o Secretariado Executivo da CPLP.
DR/HF
Inforpress/Fim
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