Papa/Óbito: Camerlengo chamou três vezes por Jorge e ele não respondeu

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Papa/Óbito: Camerlengo chamou três vezes por Jorge e ele não respondeu
21/04/25 - 08:31 am

Cidade do Vaticano, Roma, 21 Abr (Inforpress) - A morte de um Papa é seguida de um conjunto de rituais, planeados ao detalhe nas normas internas da Igreja Católica. 

Durante 15 dias, os católicos fazem o luto do falecido Papa e os cardeais preparam-se para eleger o novo chefe de Estado do Vaticano

Com a morte do Papa Francisco inicia-se um longo processo até à eleição de um novo chefe de Estado do Vaticano, que inclui o corte do Anel do Pescador, a vedação dos aposentos do falecido Papa e o início do chamado Conclave - o momento em que os cardeais recolhem para a Capela Sistina até que saia fumo branco da chaminé.

Todos os passos estão planeados ao detalhe nas normas internas da Igreja Católica. 

Primeiro, a morte do Papa tem de ser confirmada pelo cardeal camerlengo (cargo ocupado por Kevin Farrell, nomeado em 2019 pelo próprio Papa Francisco). 

Num acto formal, o cardeal camerlengo posiciona-se de pé sobre o corpo do Papa e chama-o três vezes pelo seu nome de batismo - no caso, Jorge Mario Bergoglio. Não havendo resposta, o óbito é declarado pelo próprio camerlengo.

A partir daqui o corpo do Papa permanece praticamente intacto, pois o Vaticano proíbe a realização de autópsias ao Papa. 

O apartamento papal é fechado à chave e, de acordo com a imprensa internacional, trata-se de uma tradição que começou porque no passado era comum os cardeais entrarem no apartamento e levarem o que quisessem. 

O anel do Papa - o Anel do Pescador - é destruído pelo camerlengo, na presença de outros cardeais, um acto que simboliza o fim da autoridade do falecido Papa.

Uma vez cumpridos estes passos, é altura de revelar a notícia ao mundo - função que, mais uma vez, é responsabilidade do cardeal camerlengo. 

Também aqui há ordens a cumprir: o primeiro a ser notificado é o vigário de Roma, depois o decano do colégio dos cardeais e de seguida os embaixadores acreditados junto da Santa Sé, para transmitir a notícia aos chefes de Estado com quem a Santa Sé tem relações diplomáticas. 

Só depois é feito o anúncio público, através de um comunicado da Santa Sé e de uma proclamação pública na Praça de São Pedro.

É a partir deste momento que começa a chamada sede vacante, o período de 15 dias em que não há Papa na Igreja Católica. 

Durante esta fase, cabe ao cardeal camerlengo gerir o quoitidiano do Palácio Apostólico, sendo que não podem ser tomadas decisões de relevo.

Geralmente, o Papa é sepultado na Basílica de São Pedro entre quatro a seis dias após a sua morte, de acordo com a Constituição da Universi Sominici Gregis,  que rege a transição papal, e a Igreja declara nove dias de luto.

Ao final de 15 dias após a morte do Papa, começa o chamado Conclave - o processo eleitoral no qual os cardeais são chamados à Capela Sistina para eleger o novo Papa. Este processo foi criado pelo Papa Gregório em 1274, depois de ter demorado três anos a ser eleito - a mais longa eleição papal na história da Igreja Católica. 

Sob esta nova orientação, os cardeais só têm autorização para sair da Capela Sistina até que seja eleito um novo Papa. 

Em 1970, o Papa Paulo VI proibiu os cardeais com mais de 80 anos de participarem no Conclave.

No primeiro dia do conclave, os cardeais celebram uma missa antes de se dirigirem para a Capela Sistina, onde prestam juramento à Constituição Apostólica. 

Depois, começa a votação. Com a Capela Sistina trancada à chave, os cardeais ficam sem acesso ao mundo exterior. O objetivo é evitar quaisquer influências externas durante a votação e impedir a campanha de um cardeal, que é estritamente proibida.

Para que um cardeal seja eleito novo Papa, tem de receber pelo menos dois terços dos votos. De cada vez que a votação terminar sem maioria de dois terços, os boletins de voto são queimados e sai fumo negro da chaminé da Capela Sistina - uma forma de comunicarem ao mundo o ponto de situação. 

Se sair fumo branco, significa que foi eleito um novo Papa, que é instruído a escolher um nome pontifício. 

Na última transição papal, o Conclave começou em 12 de março de 2013 e o Papa Francisco foi eleito após cinco votações, depois da renúncia voluntária de Bento XVI ao pontificado por motivos de saúde, numa decisão inédita na história moderna da Igreja Católica.

Uma vez escolhido o nome, o novo Papa surge depois na varanda central da Basílica de São Pedro. 

"Habemos Papam" (Temos Papa, em latim), declara um membro sénior do Colégio dos Cardeais.

Inforpress/Agências

Fim

 

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