Cidade da Praia 21 Abr (Inforpress) – O bispo de Santiago, Dom Arlindo Furtado, disse hoje que o Papa Francisco era amigo de Cabo Verde e que tinha no seu plano visitar o arquipélago ainda este ano, embora sem uma data concreta.
“Ele tinha comunicado esse seu desejo. A data não estava indicada, mas eu presumia que, pelo menos até o fim do ano, pudesse visitar Cabo Verde”, afirmou o cardeal Dom Arlindo Furtado, acrescentando que alguém do staff de Francisco, que organiza as viagens à África, lhe confidenciou que estava em preparação esta viagem ao arquipélago.
Dom Arlindo Furtado fez essas considerações à margem da missa que rezou no fim da manhã de hoje, na Pró-Catedral de Nossa Senhora da Graça e que contou com a participação do Presidente da República José Maria Neves.
O Papa Francisco participou este domingo na missa da Páscoa, em que fez a tradicional Bênção “Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo), pelo que, segundo Arlindo Furtado, ninguém imaginava que a morte do Sumo Pontífice “fosse tão rápido”.
“Mas ele [Papa Francisco] cumpriu a sua missão e partiu em paz”, indicou o prelado.
Para Dom Arlindo Furtado, o Papa Francisco ocupou-se “plenamente ao serviço dos pobres, daqueles que mais precisavam, mas também do mundo todo”.
Acrescentou que o bispo de Roma deixou “muitas saudades, muita gratidão e muita fé e esperança” e, por isso, deseja que o Senhor o acolherá no Seu reino.
Segundo Dom Arlindo, Francisco pertence ao “grupo dos servos bons e fiéis, daqueles que procuraram distribuir a seu tempo e a todos a sua medida de trigo, isto é, da palavra, da luz, que é o evangelho, da esperança que é Jesus Cristo, da amizade da solidariedade e do cuidado”.
Dentro de dias o bispo de Santiago vai deslocar-se ao Vaticano e faz parte dos cardeais que podem ser eleitos e também podem eleger.
Depois do funeral, haverá o conclave para a escolha do novo Papa.
“Pela graça de Deus e pela graça dele [Papa Francisco], sou cardeal”, reconhece Dom Arlindo que admite ter ainda a idade de ser cardeal eleitor.
“Para mim e para Cabo Verde, é um privilégio estar num ambiente deste para a eleição do sucessor do Papa Francisco”, congratulou-se o bispo de Santiago, esperando que o “próximo Papa esteja à altura dos desafios da Igreja e do mundo de hoje”.
Na perspectiva de Dom Arlindo, o Papa “não é apenas um homem da Igreja, é um homem de dimensão mundial”.
“Aquilo que ele diz, aquilo que ele faz tem repercussão ao nível de todo o planeta. Portanto, Deus nos ajudará a eleger e a escolher”, sublinhou.
“O Espírito Santo escolherá através de nós, os cardeais, um Papa que sirva a Igreja nos tempos de hoje, como o Francisco veio, na hora própria, e serviu a Igreja num tempo que a Igreja mais precisava de um Papa como ele”, frisou Dom Arlindo.
Acrescentou que o Papa Francisco foi um dos grandes reformadores da história da Igreja Católica.
“Acho que na senda de João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II para pôr a Igreja ao nível dos desafios e necessidades dos tempos modernos, ele, como ele próprio bem focava tantas vezes, se empenhou na linha do Paulo VI a pôr em prática as resoluções, as orientações do Concílio Vaticano II”, declarou Dom Arlindo Furtado, para quem o Papa Francisco procurou aplicar os princípios da reforma já indicada no Concílio Vaticano II.
Instado sobre o desejo do Papa Francisco de dar a Cabo Verde o seu primeiro santo, Arlindo Furtado adiantou que o processo vai prosseguir o seu curso Dicastério para a Causa dos Santos.
“Imagino que ele teria o grande desejo de dar início ao passo seguinte, que é pelo menos a beatificação do negro Manuel, cujo processo iniciou com ele, enquanto arcebispo de Buenos Aires”, concluiu o cardeal Dom Arlindo Furtado.
De acordo com o bispo de Santiago, o escravo Manuel, o negro, foi um dos motivos que levaram Francisco a ter um “carinho, um amor especial por Cabo Verde”.
LC/ZS
Inforpress/Fim
Partilhar