ONU quer abertura de toda a fronteira de Gaza para levar ajuda

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ONU quer abertura de toda a fronteira de Gaza para levar ajuda
14/10/25 - 12:31 pm

Genebra, Suíça, 14 Out (Inforpress) – A ONU e o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) exigiram hoje a abertura de todos os pontos de passagem fronteiriços da Faixa de Gaza para permitir o envio de mais ajuda humanitária.

“Pedimos que todos os pontos de passagem sejam abertos”, disse um porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas, Jens Laerke, durante uma conferência de imprensa em Genebra, Suíça.

Um porta-voz do CICV, também presente no encontro com os jornalistas, declarou que “nem todos os pontos de passagem de Gaza estão abertos à ajuda humanitária”.

“Esse é o principal problema neste momento, e foi isso que os humanitários, incluindo o CICV, reclamaram nas últimas horas”, afirmou Christian Cardon, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

A abertura deve ser efetuada “com urgência”, acrescentou.

A ONU e organizações parceiras retomaram o transporte de ajuda para Gaza na sequência da entrada em vigor na sexta-feira do cessar-fogo na guerra de dois anos entre o Hamas e Israel.

O porta-voz do OCHA também pediu que os pontos de passagem fronteiriços destruídos durante a guerra fossem reparados e abertos.

“Dispomos na região de 190.000 toneladas prontas a ser enviadas”, nomeadamente na Jordânia e no Egito, afirmou Laerke, que apelou para o reforço da ajuda.

O apelo foi feito no dia em que o Vaticano anunciou o envio de 5.000 doses de antibióticos para Gaza através do Patriarcado Latino de Jerusalém, segundo o prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade, Konrad Krajewski.

A guerra, que causou mais de 67 mil mortos em Gaza, foi desencadeada pelo ataque do grupo palestiniano extremista Hamas em Israel em 07 de Outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

A ajuda humanitária entrou de forma muito limitada em Gaza após um bloqueio hermético do território imposto por Israel no início de março de 2025, que foi parcialmente relaxado a partir do final de Maio.

Peritos parceiros da ONU confirmaram em agosto que uma situação de fome se estava a instalar em parte do território, na primeira declaração do género no Médio Oriente, que Israel contestou.

Israel também foi acusado de genocídio e de usar a fome como arma de guerra em Gaza, o que negou.

Numa declaração divulgada no domingo, depois de ter retomado a distribuição de ajuda humanitária, o OCHA assinalou que, pela primeira vez desde Março, o gás de cozinha tinha voltado à Faixa de Gaza.

“Mais tendas para famílias deslocadas, carne congelada, fruta fresca, farinha e medicamentos também atravessaram para Gaza ao longo do dia”, disse a organização na altura.

“Isto é apenas o começo”, assinalou.

O plano da ONU para os primeiros 60 dias do cessar-fogo prevê o alargamento da escala e do alcance das operações “para fornecer ajuda e serviços essenciais a praticamente toda a população de Gaza”, segundo o OCHA.

Os combates em Gaza cessaram no âmbito de um acordo proposto pelos Estados Unidos com mediação do Egito, Qatar e Turquia, que previa a libertação dos reféns ainda em Gaza por troca de 1.950 palestinianos detidos em Israel.

A troca de reféns pelos presos palestinianos ocorreu na segunda-feira, no mesmo dia em que foi assinado o acordo de cessar-fogo, em Sharm el-Sheikh, no Egito.

O acordo faz parte de um plano de paz proposto pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prevê também o desarmamento do Hamas e a retirada das tropas israelitas.

Trump propôs também uma administração internacional transitória em Gaza e a reconstrução do território, mas os termos dos passos seguintes terão de ser ainda acordados entre as partes.

Inforpress/Lusa

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