Cidade da Praia, 15 Mar (Inforpress) – A secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde - Central Sindical (UNTC-CS), Joaquina Almeida, voltou hoje a reafirmar que “não houve transparência e nem competitividade” no processo de alocação dos recursos do INPS nos bancos.
Joaquina Almeida, que falava em conferência de imprensa, realizada esta tarde, assegurou que os leilões, independentemente do aperfeiçoamento a que são submetidos ao longo do tempo, são um mecanismo “objectivo e transparente” de aplicação e gestão dos recursos do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Feito isso, Joaquina Almeida instou os dois antigos presidentes do INPS, António Pereira Neves e José Maria Veiga, a se pronunciarem publicamente e a explicarem à sociedade como faziam antes os leilões, a fim de a atual Comissão Executiva do INPS aprender com as suas experiências.
Destacou ainda que o estranho é a “opacidade, a subjectividade e a desigualdade de tratamento” que vinha vigorando ao longo do tempo e que nunca incomodou ninguém.
“A politização dos leilões visa tão somente desviar atenção dos problemas de sustentabilidade do Instituto Nacional de Previdência Social, uma vez que a gestão da mesma é deficitária face às suas obrigações futuras e tem de mudar”, criticou.
Joaquina Almeida sustentou que a continuidade dessa gestão sem os leilões conduzirá ao aumento da idade de reforma e à redução da cobertura das prestações sociais, quando os trabalhadores e beneficiários esperam um aumento.
“Essa politização resulta da existência de grupos de interesse, semelhante às maçonarias que existem lá fora, que procuram manietar as instituições e criar donos disso tudo para influenciar as instituições do Estado a seu bel-prazer” sublinhou.
A secretária-geral da UNTC-CS disse ainda que há uma “intenção clara” em desacreditar o INPS, em não deixar continuar o mecanismo de leilões, seja de que forma for, com o intuito de manter a transparência de rendimentos dos contribuintes para acionistas privados do banco.
“A missão do INPS não é e nunca foi garantir a sobrevivência dos bancos, mas sim, rentabilizar os seus recursos a fim de garantir e melhorar as prestações sociais e a perenidade do sistema de pensões”, ressaltou.
Com os leilões, acrescentou, o INPS enquanto depositante sistemático, procura apenas redistribuir os seus recursos pelo sistema bancário, com base numa remuneração mais elevada e com segurança mais equilibrada, baseada na análise dos principais indicadores de risco e desempenho de cada banca depositária.
“Um outro aspecto que mostra a falta de serenidade e caráter manipulador do comunicado do Banco de Cabo Verde (BCV) consiste no facto de o governador ter explicitamente omitido que o presidente do INPS lhe solicitou uma audiência para o dia 12 de Dezembro de 2023, tendo recebido após no dia 15 de Dezembro de 2023, e após ter escutado tudo, comentou que não tinha nada a dizer” frisou Joaquina Almeida.
Ainda segundo a presidente da UNTC-CS, o Presidente da República fez uma declaração pública “infeliz, baseando-se no comunicado do BCV, afirmando que o processo dos leilões não foi transparente”.
“O Presidente da República poderia muito bem chamar as partes para as escutar, em primeira mão, e solicitar o dito relatório do BCV, auscultar pessoas certas e entendidas na matéria, antes de pronunciar” concluiu.
JBR/PC//AA
Inforpress/Fim
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