“Muitas pessoas com VIH estão a desistir do tratamento devido à discriminação e estigma” - presidente Rede

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“Muitas pessoas com VIH estão a desistir do tratamento devido à discriminação e estigma” - presidente Rede
01/12/25 - 02:20 pm

Cidade da Praia, 01 Dez (Inforpress) – A situação das pessoas com VIH preocupa por estarem a desistir do tratamento e das suas vidas devido à discriminação e estigma existente, declarou a presidente da Rede Nacional das Pessoas que vivem com VIH.

Josefa Rodrigues fez essa revelação à imprensa à margem do acto central realizado pelo Comité de Coordenação do Combate à Sida (CCC-Sida) para assinalar o Dia Mundial de Luta Contra o VIH-Sida, que este ano acontece sob o signo “Eliminar as barreiras, transformar as respostas à sida”.

“Ainda há grandes barreiras na vida de todos nós que vivemos com VIH. Ainda há pessoas que não estão preparadas para enfrentar o estigma e a discriminação e são as únicas barreiras que fazem com que as pessoas desistem do tratamento”, disse, pelo que, sintetizou, caso a situação continuar pode influenciar no número de pessoas que morrem por HIV.

O estigma, segundo afirmou, é tanto na família como com alguns profissionais de saúde que após verem a pessoa a receber medicamento para tratamento vão contar na comunidade deixando-a exposta ao estigma e a discriminação.

Josefa Rodrigues explicou que a situação “já foi levada a quem de direito” para saber que medidas tomar, incluindo o ministério da Saúde, uma vez que uma pessoa que segue esse tratamento vive uma vida normal e fica indetectável.

“Indetectável porque a pessoa doente não passa o vírus, mesmo que tenha uma relação sexual com um parceiro sem preservativo. Para quem faz tratamento, o vírus está sempre em outra fase e não infecta o parceiro”, esclareceu, alertando que quem deixa de seguir o tratamento pode ser apanhado por outras doenças que pode levar a morte.

Questionada se há pouca informação sobre a doença, a presidente da Rede Nacional das Pessoas que vivem com VIH explicou que não e avançou um exemplo da sua pessoa com outros, nesse caso uma professora que tem todas as informações, que não quis cumprimenta-la achando que poderia contrariar a doença com um apenas saudação.

“Uma pessoa para ser professora tem de estudar. E informações sobre sida podem ser encontradas em todo o lado. Eu não tenho problemas, pois à noite tomo o meu medicamento como se fosse para diabetes ou outra doença”, frisou.

Com esta situação, Josefa Rodrigues admite haver retrocesso de todos os ganhos conseguidos, explicando que há vinte anos atrás tomava seis comprimidos de manhã e seis à noite, enquanto que na actualidade só necessita de um comprimido.

A Rede Nacional das Pessoas que vivem com VIH conta com 400 inscritos, sendo na maioria pessoas com idade compreendida entre os 40 a 50, visto que os jovens, segundo aquela responsável, têm mais vergonha de dar a cara. 

“Os jovens não estão a aceitar o diagnóstico, pelo que temos organizado rodas de conversa todas as sextas-feiras, a partir de três horas da tarde, com suporte de um psicólogo para trabalhar essa vertente de aceitação”, precisou.

Cabo Verde conseguiu uma cobertura nacional de 82% de pessoas com a doença em tratamento antirretroviral, realizou mais de 40 mil testes de VIH, apoia 7.200 pessoas e mantém com tratamento antirretroviral outras 3.100 pessoas. 

PC/AA

Inforpress/Fim

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