Medicina chinesa: Uma aliada na luta contra cancro e com resultados notáveis

Inicio | Sociedade
Medicina chinesa: Uma aliada na luta contra cancro e com resultados notáveis
27/12/24 - 09:45 pm

Cidade da Praia, 27 Dez (Inforpress) – Os efeitos colaterais imediatos ou tardios durante o tratamento por quimioterapia e radioterapia podem ser nefastos para o corpo e a mente dos pacientes oncológicos que, cada vez mais, optam por recorrem às técnicas milenares chinesas para amenizar esses efeitos.

Segundo a especialista em Medicina Chinesa pela Universidade de Medicina Chinesa em Lisboa, Leila Rocha, este conjunto de técnicas, desenvolvidos na China, surgiram 5.000 anos antes de Cristo (a.C.), entretanto os primeiros registos escritos datam da Dinastia do Sul, de 1027 a.C. a 221 a.C.

As técnicas, evidenciou, complementam o tratamento convencional de combate ao cancro e aliviam os sintomas como enjoos, má disposição, dor oncológica, dor pós oncológica e a xerostomia que resulta na secura excessiva da boca devido a radioterapia.

Nos pacientes que detectam a doença na fase inicial, explicou que a medicina chinesa funciona com resultados notáveis a nível da alimentação, a técnica da “fitoterapia chinesa” que utiliza plantas e ervas na elaboração de formula de cápsulas, comprimidos e grãos tónicos, e a própria acupuntura que estimula o corpo a combater o cancro.

A medicina tradicional chinesa (MTC), elencou Leila Rocha, engloba um conjunto de técnicas como a auriculoterapia, dietoterapia, tuiná, práticas corporais chinesas, tai chi, acupuntura, chi kung, ventosaterapia, moxabustão e fitoterapia.

Acupuntura, a mais popular e utilizada no ocidente, é uma técnica que consiste na inserção de agulhas muito finas em pontos específicos do corpo no tratamento de patologias, alívio dos sintomas provocados em tratamentos e na promoção do bem-estar.

De entre estas patologias destacam-se do fórum, músculos eclécticos, distúrbios digestivos e respiratórios, doenças crónicas, problemas psicológicos, ginecológicos e oncológicos.

Leila Rocha, também formada em Oncologia pela MTC, no Instituto Van Nghi, e Gastroenterologia pela Academia de Ciências Médicas da China, avançou que, normalmente, as pessoas procuram o seu consultório ao serem recomendados por outros pacientes que “recuperaram” após o tratamento.

“Por isso as pessoas já vêm com uma ideia do que vão encontrar. Mas claro que aqui no consultório explico tudo mesmo consoante a patologia que a pessoa apresenta. Demonstram curiosidades, fazem muitas perguntas, no caso da acupuntura se a agulha tem líquido, se é injectado alguma coisa”, esclareceu, ressaltando que não têm limites ou padrões das sessões.

A médica explicou que os efeitos da agulha dependem da localização, como por exemplo, a crânio-pontura que funciona “muito bem” numa pessoa que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou outra doença neurológica,

Mas se o objecto for inserido em zonas mais sensíveis como no couro cabeludo, relatou que o paciente sente mais o impacto, acrescentando que o sentido da agulha se manifesta logo em contacto com a pele, nos terminais nervosos.

Conforme sublinhou, a partir do momento em que a agulha ultrapassa e começa a sair da pele, a pessoa deixa de sentir o objecto que é inserida através de uma cânula plástica que cria sensibilidade essencialmente em zonas como pulsos e tornozelos.

“Há situações como uma constipação, uma gripe que cura em três dias ou cinco dias. E há situações crónicas, como as oncológicas e outras, que duram e levam mais tempo a serem tratadas”, pontificou, sublinhando que a acupuntura actua na prevenção dos efeitos secundários da quimioterapia.

A especialista em Medicina Chinesa enalteceu o facto da 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecer que cerca de 40 doenças são tratáveis e curáveis com a medicina chinesa.

Trata-se de um capítulo complementar dedicado às medicinas tradicionais e suas condições, que pela primeira vez introduziu a medicina chinesa, apresentando códigos específicos para uma ampla variedade de doenças, sinais, sintomas, circunstâncias sociais e causas externas.

Para Leila Rocha, a medicina tradicional chinesa, uma das mais antigas formas de medicina oriental complementa os tratamentos tradicionais e é “extremamente necessária” tanto nos centros de saúde como nas instituições hospitalares.

“Contar este processo de complementaridade, que é urgente, e que é necessária não só na população oncológica, mas em muitas doenças que beneficiam muito da medicina chinesa e com resultados muito rápidos como asma, agora que estamos com a bruma seca”, realçou.

De acordo com a médica, os que exercem a medicina chinesa são “curiosos” que não têm conhecimento profundo e técnico das práticas terapêuticas e que o primeiro passo seria formar profissionais, nomeadamente, médicos e enfermeiros que já trabalham directamente com os pacientes.

“Ou seja, podem ter o conhecimento de uma técnica, mas não têm o conhecimento em termos de diagnóstico para fazer o tratamento de uma doença.  É completamente diferente e então é preciso formar”, defendeu, destacando ainda a eficácia das técnicas em pessoas com algum tipo de alergia.

A especialista acredita na sua capacidade curadora e preventiva, visto que a medicina tradicional chinesa apresenta uma linguagem e visão própria sobre a saúde, o processo de adoecimento e os métodos de tratamento.

Por exemplo, explica que a alteração das células cancerígenas é provocada pelo consumo de alimentos inflamatórios como açúcar, glúten e lácteos, que causam a formação de “muco” e provoca má circulação sanguínea e energética dando, assim, espaço a estagnação e na sequência das células cancerígenas.

A complementaridade das medicinas, segundo Leila Rocha, pode actuar “muito bem” tanto para os doentes oncológicos que precisam de terapia multidisciplinar, como dos cuidados paliativos, na prevenção da doença, proporcionando a melhoria da qualidade de vida do doente.

"Mas o primeiro passo seria formar profissionais de saúde e, depois, fazer a devida introdução no Sistema Nacional de Saúde. O hospital tem um médico chinês, faz parte do programa dos médicos chineses que vêm para cá”, lembrou, destacando a importância do auxílio das terapias no tratamento convencional.

LT/HF

Inforpress/Fim

Partilhar