
Porto Inglês, 28 Out (Inforpress) – Cinco anos após a classificação da ilha do Maio como Reserva Mundial da Biosfera, a população diz esperar uma gestão mais dinâmica e benefícios mais visíveis para as comunidades locais.
Reconhecida pela UNESCO em Outubro de 2020, a ilha do Maio passou a integrar a rede mundial de Reservas da Biosfera, pela sua rica diversidade biológica e equilíbrio entre o ambiente e a vida humana.
Contudo, muitos habitantes afirmam que os efeitos práticos deste estatuto ainda são reduzidos.
Vitoriano dos Reis, presidente da Associação dos Pescadores da ilha do Maio, afirma que, até agora, os pescadores e peixeiras não sentiram vantagens concretas com a distinção.
“Sinceramente, os pescadores da ilha não têm sentido nenhuma vantagem com este título. Está tudo parado e é preciso fazer um trabalho melhor, de modo que não só os pescadores, mas toda a população, tire benefícios. Não basta ter um título quando não há gestão”, declarou.
Já Matilde dos Reis, proprietária de uma casa de turismo de habitação em Morrinho, reconhece que algumas famílias têm sido envolvidas em actividades ligadas à conservação ambiental, mas considera o alcance ainda limitado.
“Vejo algumas famílias envolvidas em trabalhos de conservação de tartarugas e de plantação de árvores, mas é algo temporário e envolve poucas pessoas. É preciso envolver mais gente”, referiu, acrescentando que o turismo tem crescido, embora de forma sazonal, sobretudo durante a época das tartarugas.
Entre as organizações mais activas na dinamização da reserva, a Fundação Maio Biodiversidade (FMB) tem desempenhado um papel central na fiscalização de habitats e espécies, na educação ambiental e na promoção de actividades económicas sustentáveis.
A directora da fundação, Janette Agues, lembrou que o reconhecimento internacional tem permitido atrair financiamento para projectos científicos, estimular o turismo sustentável e gerar rendimentos para as famílias locais.
Segundo a responsável, cerca de duas mil pessoas beneficiam, anualmente, das iniciativas da fundação, através de projectos de educação ambiental e de actividades geradoras de rendimento.
Ainda assim, considera essencial acelerar o processo de gestão da reserva para que mais pessoas possam usufruir das oportunidades criadas.
A gestão da Reserva Mundial da Biosfera do Maio é da responsabilidade da Câmara Municipal. O edil Rely Brito rejeita a ideia de lentidão, afirmando que o processo decorre dentro do previsto.
“Os instrumentos e planos de gestão existem e estão aprovados. Falta, no entanto, a nomeação de um director, o que depende da Direcção Nacional do Ambiente para operacionalizar o plano. O processo decorre no seu tempo”, explicou o edil, assegurando que o título de Reserva Mundial não está em risco, uma vez que é renovável a cada dez anos.
Classificada como Reserva Mundial da Biosfera em 2020, a ilha do Maio abrange uma área de 73.972 hectares, que inclui não apenas o território terrestre, mas também as zonas marinhas adjacentes, com ecossistemas de elevado valor ambiental, como salinas, dunas, florestas, áreas agrícolas, comunidades costeiras e “habitats” de tartarugas marinhas e aves migratórias.
RL/HF
Inforpress / Fim
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