Ilha do Sal: O Desafio de ensinar música como arte e a luta por mais investimento na área

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Ilha do Sal: O Desafio de ensinar música como arte e a luta por mais investimento na área
01/10/25 - 06:34 pm

Espargos, 01 Out (Inforpress) – O desafio de ensinar música como arte, e não apenas como comércio, é um dos maiores obstáculos no ensino musical no Sal, resultando na baixa valorização social e institucional da educação musical.

Em entrevista exclusiva à Inforpress, no Dia Internacional da Música, o professor Fábio Gomes, que lecciona na ilha, apontou que o grande desafio do seu trabalho é garantir que os alunos vejam a música como arte e não apenas como um produto comercial.

"Se calhar um dos maiores desafios é conseguir ensinar de uma forma que as pessoas não pensem logo na música como algo comercial, mas sim a música como arte, essencial para o desenvolvimento cognitivo e social", afirmou Gomes.

Fábio Gomes reconhece que algumas pessoas procuram as escolas com o objectivo de "transformar num comércio", mas reforça que a missão vai além, focando na formação de "músicos para a arte, que é totalmente diferente".

Outro ponto crucial levantado pelo professor é a falta de valorização do ensino musical por parte das entidades e da sociedade na ilha do Sal.

Salienta o contributo da Escola de Artes Tututa Évora, da Banda Municipal e das escolas secundárias para a sociedade, mas lamenta que este esforço não tenha o reconhecimento que deveria.

Gomes adiantou que a escola de Artes Tututa Évora continua a sentir as sequelas da pandemia, que se reflectiu no número de alunos.

No último ano lectivo, a escola teve menos de 100 alunos. Além disso, o constante "fluxo de pessoas" na ilha do Sal exige uma promoção contínua para evitar que a escola passe despercebida.

Questionado sobre o papel da educação musical, Fábio Gomes é enfático ao dizer que a música não se limita à formação de artistas.

"A música consegue desenvolver nas crianças muitas coisas," explicou.

Defendeu que a música “aprimora a capacidade de concentração, desperta outras aptidões e contribui para o desenvolvimento cognitivo e o domínio sobre si mesmo”.

"A música é das únicas artes que trabalham os dois lados do cérebro", notou, reforçando o argumento de que a disciplina deveria ser implementada desde o ensino básico devido ao seu potencial para resgatar valores sociais como o foco e a disciplina, que se têm vindo a perder na sociedade actual.

Como legado, Fábio Gomes espera continuar a "ensinar a arte", convencido de que está a construir "uma sociedade melhor" ao formar não só músicos, mas também "pessoas com valores".

Em relação aos apoios, a mesma fonte reconhece o suporte da Câmara Municipal, mas insiste que "há como melhorar".

O professor defende a necessidade de mais investimentos, tanto do Governo como da sociedade civil, lembrando que a “cultura é cara” e os seus resultados são visíveis a longo prazo.

A finalizar, no Dia Internacional da Música, Fábio Gomes concluiu desejando que todos consigam viver a música na sua totalidade.

“A música como arte, como educação e como algo que temos para resolver vários problemas sociais", concluiu.

O Dia Mundial da Música é celebrado anualmente a 01 de Outubro. A data foi instituída em 1975 pelo International Music Council (IMC), uma organização não-governamental fundada pela UNESCO em 1949.

A celebração visa promover a arte musical em todas as esferas da sociedade, sublinhando a sua importância como linguagem universal capaz de unir povos, aproximar culturas e contribuir para a paz e o desenvolvimento social e cognitivo.

NA/HF

Inforpress/Fim

 

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