Espargos, 26 Out (Inforpress) – Cidadãos na ilha do Sal vêm apelando a “acções concretas” por parte da edilidade, perante a situação da queima de resíduos sólidos na lixeira municipal, que afecta toda a cidade de Espargos, principalmente o aeroporto e o hospital regional.
A queixa partiu de alguns munícipes que dizem que a situação já vem se prolongando há alguns anos e temem pela saúde de todos, já que o fumo, quando tem fogo na lixeira, invade a cidade e não sabem que tipo de partículas estão a inalar.
Conforme o cidadão Júlio Rendall, “uma lixeira deve ser cuidada e devidamente organizada”, mas o que se tem notado é um “completo abandono”, já que não há responsabilização para quem tem vindo a perpetrar a prática do “fogo posto”.
“Todas as vezes que deparamos com esta situação na lixeira municipal, a única justificação que nos é dado é que se trata de fogo posto, o que nos leva a crer que há um abandono total da lixeira, relembrando que essa mesma lixeira havia sido deslocada desse local por não apresentar condições”, sublinhou.
Para a mesma fonte, um aterro sanitário deve ser “devidamente” enquadrado e tratado, e por não se conseguir esses requisitos no novo espaço que havia sido escolhido para acolher a nova lixeira, acabaram por mudar provisoriamente para o espaço que até agora serve de lixeira, no Morrinho de Carvão.
“Depois de tanto tempo, ainda continuamos com a mesma situação e essa fumaça prejudica a todos e é algo extremamente desagradável que condenamos e que é necessário um trabalho sério nessa área para termos um aterro sanitário em condições na ilha do Sal”, continuou Júlio Rendall.
Lembrou que já foram feitos vários diagnósticos para esse problema, mas neste momento “é necessário acções concretas”, porque conforme o mesmo, o município do Sal chegou a um “estrangulamento” total de resíduos sólidos.
Por sua vez, Osvaldino Cruz, outro munícipe que vive entre a ilha do Sal e os Países Baixos, considerou que se trata de uma questão de saúde pública sobre a qual tem vindo a debater e a chamar a atenção das autoridades locais que “sofrem também com essa situação dos incêndios na lixeira de Espargos”.
Para Osvaldino Cruz, “não é aceitável” que a autarquia se justifique sempre “com o mesmo argumento de que se trata de fogo posto”, sem que venha a público prestar as soluções que estão a ser tomadas para pôr cobro a esta situação.
“Temos um problema de saúde pública, que a autarquia sempre justifica como fogo posto, mas no entretanto, o presidente Júlio Lopes fez um empréstimo no ano passado de 300 mil contos que foi investido em asfalto, esquecendo que temos um problema ambiental na ilha que esse valor poderia minimizar”, sustentou.
Conforme o mesmo, já houve sugestões de montagem de um sistema de incêndio na referida lixeira, para evitar que o fogo tome as proporções que se tem assistido, mas não foi levado a cabo.
Osvaldino Cruz sublinhou ainda que “se o país e a ilha almejam sustentabilidade”, é preciso resolver este problema que pode colocar em causa o turismo, um dos motores de crescimento económico nacional.
Conclui, apelando que a autarquia esclareça a população sobre “que problemas tem a lixeira municipal, que soluções estão sendo tomadas e qual é o tempo para resolver essa situação”.
Da mesma forma o delegado de saúde no Sal, José Rui Moreira, apelou para que haja um “djunta mon”, (juntar de mãos), do Governo, da autarquia local e dos privados, para juntos resolverem essa questão de um aterro sanitário em local apropriado, já que o actual fica a cerca de um quilômetro do hospital regional.
“É claro que um trabalho do tipo acarreta custos, mas as pessoas não podem continuar a respirar esse ar contaminado todos os dias e colocando em causa a saúde de todos”, frisou.
De recordar que o deputado do PAICV (oposição), Démis Almeida, durante a primeira sessão parlamentar de Outubro deste ano, acusou que o tratamento de resíduos sólidos na ilha do Sal “é inexistente”, afirmando ainda que a câmara municipal tem optado pela “reacionária queima do lixo”, a céu aberto, em Morrinho Carvão, emitindo para a atmosfera, “doses inaceitáveis de CO2, como ainda fumos tóxicos, micro resíduos carbonizados e mau cheiro”, contribuindo para a poluição do meio ambiente.
NA/ZS
Inforpress/Fim
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