São Filipe, 18 Mar (Inforpress) – O administrador/delegado da Empresa Intermunicipal de Águas, Águabrava, Rui Évora, disse à Inforpress que o aumento de disponibilidade de água ainda não capacita a empresa a aumentar o volume de água para a rega na ilha do Fogo.
“Infelizmente o aumento de disponibilidade de água com a exploração de três dos cinco furos ainda não capacita a empresa a aumentar o volume de água de regra porque há uma diferença substancial entre o preço de venda de água de rega e o preço de custo de produção de água”, disse Rui Évora.
No sistema de exploração dos dois furos de Tamarindo Nha Lobo, por exemplo, nesta fase inicial a empresa está a trabalhar com um grupo electrogéneo com gastos consideráveis em termos de combustíveis que são suportados pela empresa tendo em conta a responsabilidade da empresa em assegurar o abastecimento de água em quantidade e qualidade requeridas para consumo humano.
Rui Évora destacou que “há disponibilidade de água” para a rega, mas que a diferença do preço de venda e de custo de produção de água não é compatível, apontando que o preço de venda de água de rega é de 60,8 escudos metro/cúbico e o preço de custo determinado pela Águabrava é na ordem dos 190 escudos metro/cúbico.
“O preço de custo de produção é mais do que três vezes superior ao preço da venda. Enquanto não encontrarmos soluções que capacitem a Águabrava a absorver este déficit que não compromete a sustentabilidade económica da própria operadora, ela sozinha não estará em condições de poder aumentar o volume de água para a rega”, disse.
Segundo Rui Évora há uma necessidade urgente de buscar e adoptar soluções que visem capacitar a empresa para que possa assumir a responsabilidade de gestão de água de rega, porque, acrescenta, “é algo que não pode ser suportado pela empresa, sozinha”.
A solução, segundo o administrador/delegado, não passa unicamente pela subsidiação da empresa. Poderá passar por alguma compensação financeira pela substancial diferença entre o preço da venda e o preço de custo, mas pode e poderá passar por outras soluções.
Apoiar a empresa no reforço da introdução de sistema de energias renováveis no processo de produção e elevação de água e a criar condições para a utilização de energia fotovoltaica fora do período solar de modo a diminuir, substancialmente, os gastos com a energia da rede, isentar do pagamento da taxa de exploração dos furos, apoio à ampliação da campanha de perfuração para mobilização de água para rega são algumas soluções apontadas pela administração da Águabrava e não unicamente na atribuição de uma compensação financeira à operadora.
O Governo já manifestou disponibilidade para o diálogo e a empresa aguarda, que no mais curto espaço de tempo, possa debater o assunto e encontrar as soluções para a gestão da água de rega.
O administrador/delegado da Águabrava pediu a compreensão de todas as pessoas que solicitaram a água de rega e que ainda esperam por atendimento desta solicitação.
Segundo o mesmo, há mais de dois anos que Águabrava não admitiu novos contratos de água de rega para não provocar um aumento de volume de água de rega e um aumento do déficit financeiro para não colocar a empresa numa situação financeira ainda mais difícil da que se encontra.
“Há mais de dois anos que não aceitamos novos pedidos de ligação de água para rega. Há mais de dois anos que fazemos o fornecimento de água de rega, sobretudo na zona sul da ilha cobrindo os municípios de São Filipe e Santa Catarina, de forma racionalizada em dias alternadas e em determinado período de tempo nos dias de fornecimento com a precaução e cautela de não aumentarmos mais o déficit financeiro resultando da gestão da água de rega”, sustentou.
Há cerca de dois anos a lista de pedidos de água de rega pendente era superior a 150 o que significa que se esses pedidos tivessem sido atendidos nos dias de hoje a empresa teria muito mais pedidos, referiu Rui Évora.
A empresa está consciente da potencialidade que estes sectores agricultura e pecuária representam para o desenvolvimento da ilha e por isso defende que há que se encontrar, num espaço de tempo curto, as soluções que permitam a disponibilização de mais água para o desenvolvimento dos dois sectores, água que no dizer de Rui Évora já existe e há condições ainda para poder mobilizar mais água.
JR/HF
Inforpress/Fim
Partilhar