São Filipe, 14 Out (Inforpress) – O grupo parlamentar do PAICV visitou hoje o Hospital Regional São Francisco de Assis, na ilha do Fogo, e constatou uma “situação preocupante” devido à falta de recursos humanos e ausência de serviços essenciais.
A deputada eleita pelo círculo do Fogo, Eva Ortet, na qualidade de porta-voz, disse que a nova equipa de administração do hospital está a fazer esforços para contratar mais profissionais de saúde, mas os equipamentos são insuficientes.
Uma das principais preocupações está relacionada com aquilo que considera ser o “caos no sistema de evacuação (transferência) de pacientes” para o Hospital Universitário Dr. Agostinho Neto, na cidade da Praia.
“É um problema grave, não por culpa do hospital, mas devido à má gestão do governo, e a falta de coordenação entre o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e a Cabo Verde Inter Ilhas, que está a agravar a situação,” declarou.
A porta-voz da deputação do principal partido da oposição apontou como exemplo o caso de uma paciente que aguarda há quase dez dias para ser transferida para a cidade da Praia e lembrou que a ilha já teve um “serviço exemplar” de transferência de doentes através dos transportes aéreos.
“Agora, os doentes são encaminhados, em sua maioria, por via marítima, em condições precárias, muitas vezes utilizando ambulâncias emprestadas da Brava ou da câmara de São Filipe”, notou.
O hospital regional, lembrou Eva Ortet, não possui uma ambulância própria há cinco anos, uma situação que a deputada classificou como “inaceitável”.
Durante a visita os parlamentares questionaram sobre a luta contra a dengue com o hospital a receber diariamente uma média de 40 pacientes, mas, segundo a deputada, muitos não estão a ser diagnosticados devido à falta de recursos e testes adequados.
“A situação é preocupante a nível nacional, e aqui no Fogo não temos um serviço de saúde capaz, não temos centros de saúde de Cova Figueira e na cidade de São Filipe e todos os problemas vão parar no hospital regional, que não tem condições de suportar toda essa pressão,” afirmou Eva Ortet.
A parlamentar lembrou que o actual governo herdou o sector da saúde em uma situação razoável em 2016, mas agora, oito anos depois, assiste-se a um retrocesso e que em vez de avançar, o país está a enfrentar um retrocesso significativo devido a falta de investimentos em áreas cruciais, como a manutenção de equipamentos hospitalares, ambulâncias e sistemas de transporte de doentes que são reflexos da “má gestão e da falta de políticas claras do governo actual”.
Depois do hospital, o grupo parlamentar visitou o complexo habitacional “Casa para Todos” de Cobom, que foi concluído há mais de um ano e encontra-se de portas fechadas, apesar de existir déficit habitacional, e de Xaguate, cujo projecto foi abandonado desde 2016.
“O projecto, que deveria fornecer habitação para famílias de baixa renda, está abandonado há anos. Este complexo foi inicialmente classificado como de classe “A”, destinado a ajudar famílias necessitadas, mas acabou sendo reclassificado como classe “C” sem qualquer explicação plausível”, disse Eva Ortet, que lamentou o facto de, agora, o complexo estar completamente fechado e inativo.
Os deputados se comprometeram em levar a questão ao Governo e a pressioná-lo a agir e resolver a questão do complexo habitacional.
O grupo parlamentar, que se diz preocupado com o estado da electrificação na ilha do Fogo, visitou na manhã de hoje a central única de produção de electricidade para se inteirar do impacto dos investimentos feitos pelo executivo anterior que, alega, “estão agora a ser abandonados por falta de manutenção e actualização de equipamentos”.
JR/CP
Inforpress/Fim
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