Fogo: Ausência ao mais alto nível das autoridades foi sentida mas sem interferência nos trabalhos – Nuías Silva

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Fogo: Ausência ao mais alto nível das autoridades foi sentida mas sem interferência nos trabalhos – Nuías Silva
15/03/24 - 07:43 pm

São Filipe, 15 Mar (Inforpress) – A ausência ao mais alto nível das autoridades governamentais no II Encontro da Rede das Reservas da Biosfera na CPLP foi sentida, mas não interferiu nos trabalhos, disse Nuías Silva.

presidente da Reserva da Biosfera da ilha do Fogo e presidente da câmara de São Filipe disse que a ausência foi sentida porque estava em discussão as questões das Reservas e lembrou que o encontro estava agendado para Novembro de 2023 e que foi adiado por questões da agenda para que o Governo pudesse participar.

“A ausência ao mais alto nível das autoridades mostra o interesse que dão para estes assuntos, mas isso não afectou em nada os trabalhos que eram técnicos”, disse o presidente da Reserva da Biosfera do Fogo, salientando que a Direcção Nacional do Ambiente, DNA, esteve representada por uma técnica, mas gostaria que estivesse a directora nacional, o ministro do Ambiente ou o secretário de Estado para as áreas do ambiente.

Nuías Silva avançou que devem ter razões para não participarem, mas muitas pessoas interpretam isso como a marginalização da ilha do Fogo, salientando que o Presidente da República participou do acto da abertura, mostrando consideração e respeito que tem para com a ilha.

“Os outros que não estiveram mostram que a ilha não lhes interessa muito. Esta ilha tem potencialidade e deve traçar o seu próprio caminho desde que todos os actores que amam esta ilha estejam unidos na definição do seu percurso”, disse.

Com relação ao encontro, Nuías Silva disse que foi “extremamente positivo” e está espelhado nas declarações dos responsáveis das Reservas que estiveram no encontro e que superou todas as expectativas iniciais, sublinhando que vários instrumentos foram aprovados, nomeadamente o plano estratégico da Rede que explicita a visão e a missão de uma forma clara e é o documento que vai ser enviado à Unesco para a formalização da rede e o reconhecimento definitivo.

Nuias Silva destacou ainda os importantes debates à volta das iniciativas-piloto com destaque para as paisagens alimentares e o roteiro do turismo sustentável, área que a ilha do Fogo é uma potência, mas que tudo está por fazer ainda.

“Aquilo que temos vindo a advogar é que a ilha do Fogo deve ser mais acarinhada pelo poder central no sentido de desenvolver um roteiro específico de desenvolvimento complementar com as outras ilhas”, salientou o presidente da Reserva da Biosfera do Fogo para quem a reunião excedeu a expectativa de todas as partes.

Quer a Reserva do Fogo como a do Maio saíram, segundo Nuías Silva a ganhar e tiveram oportunidades de receber vários feedback e exemplos sobre a governança das reservas que poderão servir de modelo para estas duas reservas que estão na fase inicial de implementação.

O vereador do Ambiente da câmara do Maio, Emílio Ramos, disse que o II Encontro valeu sobretudo pela partilha de experiência com outras reservas que fazem parte da Rede das Reservas da Biosfera da CPLP e que foi um “momento de confraternização e de partilha de conhecimento” e que a reserva do Maio sai reforçada.

O aprendizado no encontro vai permitir avançar em força com a implementação da Reserva da Biosfera do Maio conjuntamente com a do Fogo, sublinhando que há perspectiva futura para as mesmas.

Emílio Ramos disse que os aspectos analisados no encontro como plano estratégico, plano de comunicação e o de acção, regulamentos internos e vários outros documentos vão servir a ilha, apesar de ter a sua especificidade.

Com relação ao Maio disse que o plano de acção que está prestes a ser concluído, assim como a de comunicação e um conjunto de acções que estão a ser implementadas, mas que a partir do encontro há novo impulso para continuar a trabalhar na implementação da reserva.

A reserva do Maio à semelhança da do Fogo, vai beneficiar das três iniciativas-piloto, nomeadamente as paisagens alimentares, serviços de ecossistema e roteiro turismo sustentável vão contemplar a ilha do Fogo.

O representante da Reserva de Castro Verde (Portugal) onde decorreu o primeiro encontro, David Marques, considerou que este segundo encontro foi de aprofundar a relação entre a Rede de diferentes Reservas na CPLP, o que, segundo o mesmo, constitui um passo à frente no aprofundamento dos laços de cooperação.

“O primeiro encontro foi o de lançar os desafios, juntar e reunir para definir um caminho e neste segundo estamos a tirar frutos deste período entre os encontros (…) e sentimos o estreitamento dos laços”, advogou David Marques, indicando que há projectos concretos a serem desenvolvidos naquelas três dimensões temáticas e que produzem resultados.

No caso da Reserva de Castro Verde o II encontro foi uma oportunidade de grande aprofundamento e a possibilidade de conhecer melhor as outras reservas e perceber o caminho que se está a fazer e aquilo que falta continuar, salientou.

Para David Marques o aprofundar dos modelos de governança, através da aprendizagem dos modelos de organização que existem nas reservas mais antigas é fundamental para enriquecer a metodologia da governança nas reservas da rede.

“A transparência no modelo de gestão das reservas é uma condição essencial para que elas sejam apropriadas pelas comunidades”, defendeu David Marques, salientando que depois há a questão de sustentabilidade que deve ser aprofundada com empenho de cada um dos territórios e do compromisso dos Estados membros da CPLP que é uma via importante para sua afirmação e missão.

Para o mesmo, as acções de comunicação é uma área que tem de ser aprofundada, assim como a existência de um público específico que as reservas devem olhar cada vez mais que são os jovens. 

Se querem que os territórios sejam laboratórios vivos com futuro, disse, esta camada populacional terá de ser uma parte fundamental nesta dinâmica, acrescentando que existe experiência de reservas mais antigas no Brasil na dinamização da rede jovens e que as outras reservas devem seguir, ajustando e adaptando a estratégia de envolver os jovens.

JR/JMV
Inforpress/Fim

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