
São Filipe, 07 Out (Inforpress) - A pesca artesanal, uma das principais actividades económicas do arquipélago, foi tema central da mesa-redonda que hoje reuniu, na cidade de Cova Figueira, pescadores, peixeiras e representantes de associações de todas as ilhas.
A mesa-redonda, organizada pela Associação Projecto Vitó e Blue Ventures, enquadra-se nas actividades de pré-eventos da IV Conferência da Década do Oceano promovida pela Presidência da República na Região Fogo/Brava.
O facilitador da temática sobre a pesca artesanal, Helito de Pina, destacou dois momentos distintos e de grande importância, sendo o primeiro o de reflexão sobre a sustentabilidade socioeconómica da pesca artesanal e a recolha de propostas concretas para a elaboração de um plano de acção rápido, voltado para o fortalecimento do sector.
Na primeira parte do encontro, os participantes trocaram experiências e debateram os principais desafios enfrentados no dia a dia da pesca artesanal e foi também destacada a constante tensão entre a pesca artesanal e a industrial, com os pescadores artesanais a expressar as suas preocupações sobre a grande quantidade de pescado que as grandes embarcações levam.
Também se discutiu a importância das áreas protegidas, onde se concluiu que há necessidade de mais informação e sensibilização sobre o papel da conservação marinha.
A segunda fase do encontro foi voltada para a construção colectiva de soluções, com o objectivo de reunir informações práticas para a elaboração de um plano de acção focado na sustentabilidade e na melhoria das condições de trabalho na pesca artesanal.
Foram partilhadas ideias sobre o uso de novas tecnologias, como sondas marítimas, que podem ajudar os pescadores a localizar cardumes e tomar decisões mais eficientes se pode apanhar ou não uma determinada espécie de peixe.
A peixeira da ilha de Maio Carolina Tavares deixou um apelo para um maior envolvimento das peixeiras nos fóruns do sector da pesca artesanal.
“Mais peixeiras devem participar. Não sei por que ainda são resistentes a este tipo de actividade. É falta de sensibilização. Trabalhamos com o mar, fazemos parte da economia azul. Precisamos ser ouvidas”, enfatizou a peixeira da ilha do Maio que pede às instituições, governo, associações e comunidades para estarem mais atentos a estas situações e não deixar peixeiras de fora.
O presidente da Associação 3 Baias de Santa Catarina do Fogo, António Miranda, valorizou a iniciativa da Presidência da República e dos organizadores e ressaltou a urgência de apoio institucional ao sector da pesca artesanal.
“Queremos trazer as nossas preocupações e listar as necessidades. A pesca artesanal sofre com a falta de equipamentos, estruturas e legislação adequada. O plano de acção que será elaborado precisa se traduzir em mudanças reais para melhorar a vida de pescadores e peixeiras”, advogou António Miranda para quem existem problemas básicos que dificultam a vida dos pescadores como falta de equipamentos, de estruturas ou de infraestruturas de apoio à pesca artesanal.
O encontro, promovido pela Presidência da República, com organização da Associação Projecto Vitó, demonstrou o engajamento e a proatividade das comunidades pesqueiras e apontou caminhos concretos para transformar a pesca artesanal numa actividade mais sustentável, digna e eficiente, beneficiando milhares de famílias em todo o país.
JR/JMV
Inforpress/Fim
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