Perto de três mil ninhos registados nas praias da ilha do Fogo e ilhéus este ano

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Perto de três mil ninhos registados nas praias da ilha do Fogo e ilhéus este ano
24/10/24 - 08:51 am

São Filipe, 24 Out (Inforpress) – A Associação Projecto Vitó contabilizou este ano, durante a temporada de conservação de tartarugas marinhas 2.964 ninhos de tartaruga nas praias da ilha do Fogo e da Reserva Integral dos Ilhéus Rombos.

A campanha anual da conservação das tartarugas marinhas na ilha do Fogo e nos Ilhéus Rombos, iniciado no passado mês de Junho, foi oficialmente encerrada no último dia 19 de Outubro.

A actividade envolveu um esforço coordenado que mobilizou 32 pessoas, quatro nos Ilhéus Rombos e 28 na Ilha do Fogo, assim como dois biólogos responsáveis pela coordenação dos trabalhos nos dois espaços, disse o director executivo da associação, Herculano Dinis.

Na globalidade a Associação Projecto Vitó fez a cobertura de 38 praias de nidificação de tartarugas, 16 na ilha do Fogo e 22 pequenas praias nos Ilhéus Rombos, que representa cerca de dez quilómetros de praias, disse Herculano Dinis, para quem a temporada foi uma das mais produtivas, especialmente nos Ilhéus Rombos.

Os dados disponibilizados indicando que na Reserva Integral de Ilhéus Rombos foram registrados 2.029 ninhos e 4.850 rastros, o que totalizam mais de seis mil actividades de tartarugas marinhas.

Situação que reforça a importância da Reserva Integral dos Ilhéus Rombos como um dos locais mais significativos para a conservação das tartarugas em Cabo Verde.

Ao longo da temporada foram marcadas 88 fêmeas em nidificação com microchips, das quais 28 já haviam sido registadas em anos anteriores e este ano, 30 tartarugas foram resgatadas por ficarem presas nas praias devido a dificuldades de acessibilidade e o registo de uma captura nas zonas.

A campanha deste ano contou com a visita de especialistas internacionais, nomeadamente Christopher, da Universidade Queen Mary (Inglaterra), e Paulo Catry, da Universidade de Lisboa (Portugal), que contribuíram para o avanço das iniciativas de conservação nos Ilhéus Rombos e na ilha do Fogo.

Também o projecto contou com a participação de quatro voluntários internacionais que contribuíram para as actividades de conservação tanto das tartarugas marinhas quanto das aves marinhas.

Nas praias da ilha do Fogo os dados indicam o registo de 935 ninhos e 1.270 rastros, com 23 tartarugas sendo marcadas e dez recapturadas ao longo da temporada.

Nos Ilhéus há o registo da captura de uma tartaruga e na ilha do Fogo foram contabilizadas 24 capturas em diversas praias da ilha.

“A principal ameaça à conservação das tartarugas marinhas continua sendo a captura ilegal para consumo. Ao longo da temporada, foram registadas 24 capturas em diversas praias da ilha, evidenciando a persistência da prática”, disse Herculano Dinis que sublinhou que apesar da conscientização e o monitoramento, ainda há dificuldades no envolvimento das autoridades e no combate à impunidade relacionada à captura de tartarugas e consumo da carne.

Segundo a mesma fonte, uma campanha de conscientização intensa foi realizada com acções porta a porta nas comunidades locais e exposições em diversas instituições, como câmaras municipais, escolas secundárias e o Instituto Marítimo Portuário.

A campanha contou ainda com o apoio da embarcação do Projeto Vitó, essencialmente na vigilância costeira, e também recebeu a primeira visita de um representante do Programa Regional de Conservação Marinha Costeira (PRCM), sediado no Senegal.

Com a visita ficou garantido o financiamento por mais dois anos, até 2027, para permitir a continuidade das actividades de preservação.

O director executivo da Associação Projecto Vitó disse ainda que as actividades de conservação deste ano foram cofinanciadas pelas câmaras municipais da Ilha do Fogo, pela Direção Nacional do Ambiente, através do Fundo Ambiental, em colaboração com o PRCM.

O financiamento, além de consolidar as acções de preservação, é um reflexo do fortalecimento das parcerias locais e internacionais em prol da proteção das tartarugas marinhas.

Com o encerramento da temporada de 2024 que superou a de 2023, a expectativa é que as próximas campanhas mantenham o ritmo de sucesso e continuem a enfrentar os desafios, especialmente na captura e consumo ilegal de tartarugas na ilha do Fogo.

JR/AA

Inforpress/Fim

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