Exposição “Olhar’ês” de Délio Leite destaca a mulher cabo-verdiana e denuncia desigualdades através da arte

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Exposição “Olhar’ês” de Délio Leite destaca a mulher cabo-verdiana e denuncia desigualdades através da arte
04/06/25 - 02:00 pm

Cidade da Praia, 04 Jun (Inforpress) - O artista Délio Leite assinala o centenário da independência nacional com a exposição “Olhar’ês”, patente até 18 de Junho no Palácio da Cultura Ildo Lobo, reunindo pinturas, poesias e vídeos que denunciam desigualdades de género.

Em declarações à Inforpress, o artista afirmou que a exposição parte de testemunhos reais de idosas do Centro de Cuidados de Porto Novo, em Santo Antão, cujas vidas foram marcadas pelo trabalho invisível e pela luta por reconhecimento.

Délio Leite explicou que o projecto nasceu da colaboração com a portuguesa Nídia Menezes, que trabalhava naquele centro em Porto Novo, ao partilhar fotografias do quotidiano dessas mulheres, inspirou uma abordagem estética e simbólica sobre a memória, o género e a justiça social.

As histórias foram recolhidas através de entrevistas e fotografias, e transformadas em obras plásticas que integram também poemas originais, dando voz às protagonistas.

O artista afirmou que a mulher cabo-verdiana sempre teve de trabalhar três vezes mais para alcançar o mesmo reconhecimento que o homem e reforçou que a arte pode ser “uma arma poderosa para despertar consciências e mudar mentalidades”.

 Leite realçou que a fusão entre as línguas e culturas, patente no título da exposição “Olhar’ês”, representa um gesto de união simbólico entre Cabo Verde e Portugal.

“Quisemos transformar uma história pesada de opressão do passado numa narrativa de amor e colaboração”, declarou.

A exposição utiliza recursos multimédia para aprofundar a experiência do público, visto que cada obra possui um código QR que dá acesso a vídeos com a história da pintura e os poemas interpretados.

Essa interação, segundo o artista, permite uma ligação mais directa entre o público e a história retratada. 

Com “forte carga simbólica e uma estética sensível”, segundo a mesma fonte, a mostra propõe uma reflexão sobre a memória colectiva, o papel das mulheres na história nacional e a urgência de uma valorização equitativa dos seus contributos.

KF/SR//AA

Inforpress/Fim

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