Bruxelas, 10 Jul (Inforpress) - O Parlamento Europeu vota hoje em Estrasburgo, França, uma moção de censura à Comissão Europeia, a primeira em dez anos, mas a rejeição da proposta está praticamente garantida.
A moção de censura foi apresentada pelo eurodeputado romeno Gheorghe Piperea, que faz parte do grupo político dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, na sigla em inglês, de direita conservadora e extrema-direita), e recebeu o apoio de mais 79 eurodeputados.
Na segunda-feira, num debate na sessão plenária em Estrasburgo, o eurodeputado romeno defendeu a queda do executivo comunitário pela “vulnerabilização de princípios essenciais” da União Europeia e também acusou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de “perda de integridade”.
Gheorghe Piperea decidiu avançar com uma moção de censura por causa da ocultação de mensagens entre Ursula von der Leyen e o administrador da farmacêutica Pfizer, em 2021, durante a pandemia de covid-19, por causa da aquisição de vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2.
“A concentração da tomada de decisões nas mãos da presidente da Comissão Europeia, algo que me parece antidemocrático, [Ursula von der Leyen] é opaca”, considerou o eurodeputado no debate.
A presidente da Comissão Europeia rebateu as acusações, considerando que a moção de censura é oriunda de um “mundo de conspirações”.
“Hoje podemos todos fazer a nossa própria avaliação sobre os méritos [da Comissão Europeia] (…) e cada um chegará à sua conclusão. O que acabámos de ouvir é claro: é uma tentativa fraca dos extremistas de polarização, de erodir a confiança na democracia, uma tentativa de reescrever a história”, disse Ursula von der Leyen.
Apesar de ser a primeira moção de censura em dez anos, o chumbo está praticamente garantido, uma vez que os representantes dos principais grupos políticos do Parlamento Europeu (Partido Popular Europeu, o mesmo de que faz parte Von der Leyen, e os Socialistas & Democratas) rejeitaram a iniciativa, ainda que os socialistas tenham aproveitado para criticar a Comissão Europeia.
A esquerda e os liberais também disseram que não iriam fazer parte de uma moção que partiu da extrema-direita.
A aprovação significaria a queda de todo o executivo.
Desde as primeiras eleições europeias, em 1979, foram apresentadas sete moções de censura, nenhuma resultou na queda de um executivo comunitário.
Inforpress/Lusa
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