Especialista em inteligência emocional defende silêncio como ferramenta-chave para viver o presente e fortalecer relações humanas

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Especialista em inteligência emocional defende silêncio como ferramenta-chave para viver o presente e fortalecer relações humanas
01/12/25 - 04:34 pm

Cidade da Praia, 01 Dez (Inforpress) – O especialista em inteligência emocional professor Raul de Orofino defende que o silêncio e a atenção plena ao momento presente são instrumentos determinantes para transformar relações humanas, superar vidas automatizadas e alcançar verdadeira prosperidade emocional.

Em entrevista à Inforpress, o professor, palestrante, escritor e formador na área de inteligência emocional, considerou que grande parte das pessoas vive num modo mecânico, presa a rotinas aceleradas e a reações impulsivas que afastam a consciência do presente e enfraquecem os vínculos afectivos.

“Quando você se dá conta de que está vivo hoje, percebe que pode morrer agora”, afirmou, salientando que esta compreensão altera profundamente a forma como indivíduos gerem o tempo, cultivam emoções e priorizam o que realmente importa.

Segundo o especialista, que reside no Brasil, mas já realizou diversas formações em Cabo Verde para entidades sobre gestão emocional, do uso da mente como ferramenta de controlo, o “piloto automático” tem levado muitas pessoas a uma existência fragmentada, dominada por tarefas, pressões e obrigações, deixando pouco espaço para a reflexão e para a presença plena no momento.

Para ele, o desenvolvimento do silêncio interior e da capacidade de escuta activa é um caminho essencial para o autoconhecimento e a construção de relações saudáveis.

“As pessoas vão vivendo e não se dão conta que estão vivos hoje. Quando se percebe isso, começa a valorizar a vida no instante presente”, sublinhou, defendendo a escuta qualificada como ferramenta de conexão emocional. 

“A maneira como alguém te olha calado é a maneira como essa pessoa fala contigo. A gente precisa aprender a ouvir até o silêncio das pessoas”, reforçou.

Uma das experiências mais marcantes da sua actuação em Cabo Verde, relatou, ocorreu quando uma participante de formação partilhou o arrependimento de adiar repetidamente um encontro com o primo de infância que, poucos dias depois, morreu num acidente de viação.

“Ela me disse que compreendeu que a vida não dá garantia. Cada momento é único e pode ser o último”, recordou.

O palestrante enfatizou que viver o presente não significa desistir de metas, mas sim permitir flexibilidade inteligente na construção de caminhos e decisões.

“As metas são importantes, mas é no hoje que podemos mudar o caminho para alcançá-las. A vida acontece agora”, afirmou, defendendo atitudes positivas como estratégia de redução de conflitos e melhoria de ambientes desafiadores, inclusive profissionais.

“Se você não brigar contra aquilo que não gosta, aquilo que parecia enorme pode tornar-se pequeno”, explicou.

O professor reforçou ainda o poder transformador dos afectos e do reconhecimento emocional.

Expressar amor e gratidão, disse, não deve ser um gesto adiado.

“Há quanto tempo você não diz eu te amo para a tua mãe, teu pai, teu filho ou um amigo”, questionou, sublinhando que demonstrar afecto fortalece vínculos e estrutura emocional.

Para Raul de Orofino, a relação mais decisiva é aquela que cada pessoa constrói consigo mesma.

“Se você não der amor aqui dentro, não terá o que oferecer ao outro”, afirmou, defendendo que o equilíbrio emocional resulta da harmonização entre razão e sensibilidade.

O especialista acredita que a transformação emocional exige treino, disciplina e coragem para romper padrões, mas garante que o resultado é uma vida mais leve, produtiva e autêntica.

“A felicidade é construída no presente. Amanhã pode ser, mas só será se hoje fizer sentido”, concluiu.

KA/SR//ZS

Inforpress/Fim

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