Moscovo, 06 Jan (Inforpress) - Um tribunal de Moscovo condenou hoje à revelia Boris Akunin, um dos escritores russos mais populares, que já foi detido anteriormente sob a acusação de apelar a acções terroristas e de divulgar informações falsas sobre as Forças Armadas.
A pena de prisão entra em vigor assim que Akunin, que reside no estrangeiro, for "capturado ou extraditado", informou o gabinete de imprensa do tribunal distrital de Basmanni, Moscovo sem fornecer mais detalhes.
Em Dezembro do ano passado, Boris Akunin (pseudónimo Grigori Chjartishvili), que em 2000 foi declarado como "Escritor Russo do Ano" e distinguido com prémios internacionais, foi colocado na lista de "extremistas e terroristas".
Em Janeiro o escritor foi declarado "agente estrangeiro".
O escritor de 67 anos, nascido na Geórgia, alcançou a fama com uma série de romances passados na segunda metade do século XIX e no início do século XX, em que o detetive Erast Fandorin é o protagonista.
A saga de Fandorin e outras obras foram traduzidas em várias línguas, incluindo português ("A Rainha do Inverno", 2006)
O primeiro romance, "Azazel", foi publicado em 1998 e três outros livros com as aventuras de Fandorin foram lançados no mesmo ano.
Na véspera do início da guerra na Ucrânia (24 de Fevereiro de 2022), Akunin em entrevista à agência de notícias espanhola EFE acusou o Presidente russo Vladimir Putin de ser um "ditador" com ambições pós-imperialistas e de ter levado o país a um estado de "semi desintegração".
"Moscovo considera que a Ucrânia e as outras antigas repúblicas soviéticas fazem parte de uma 'zona de influência'. Toda a crise ucraniana, desde a tomada da Crimeia até ao financiamento da revolta no Donbass, é um castigo contra a Ucrânia porque, em 2014, o novo governo decidiu virar-se do Leste para o Oeste", afirmou na altura.
Em Dezembro do ano passado, a Amnistia Internacional, através de Marie Struthers, responsável editorial do escritor para a Europa de Leste e Ásia Central, reagiu à abertura de um processo criminal contra o escritor, que qualificou de "infundado".
"É um gesto revanchista da Rússia contra qualquer pessoa que se atreva a expressar dissidência", acrescentou Stuthers.
Inforpress/Lusa
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