Cidade da Praia, 23 Dez (Inforpress) – Um grupo de cabo-verdianos residentes na diáspora expressou hoje a saudade que marca o Natal longe de casa, partilhando os desafios e emoções de celebrar a data distante dos filhos e entes queridos.
Em declarações à Inforpress, alguns cabo-verdianos que vivem no exterior contaram como vivenciam este período do ano, que em Cabo Verde é marcado por celebrações familiares, música, dança e pratos típicos.
No entanto, para aqueles que estão fora do país, o Natal assume uma nova realidade, com a saudade e a distância tornando-se desafios “difíceis de lidar”.
“Este Natal está a ser muito difícil e diferente porque estou longe dos meus filhos, da minha mãe, das minhas tias, primas e de todos os familiares e amigos que gostaria de ter por perto”, disse Ângela Ionilde, residente na França há quatro meses.
“Aqui, posso dizer que tem tudo, mas sinto falta do mais importante, o carinho, a atenção e o abraço, que são fundamentais no Natal e têm um valor imenso no nosso coração”, complementou.
Para Vera Tavares, que vive em Portugal há cerca de dois meses, a realidade é semelhante.
Vera também sente a ausência da sua filha e dos familiares, e destaca a grande diferença entre o Natal em Cabo Verde e a sua nova vida no exterior.
“Em Cabo Verde, nesta época, compramos presentes, preparamos as festas e decidimos, em família, quem vai ser responsável pela ceia. Era um momento de felicidade, mas este ano vai ser diferente, pois não poderei compartilhar esses momentos com a minha família”, diz Vera, com pesar.
A adaptação à nova cultura e à forma como o Natal é vivido em outros países também representa um desafio para estes emigrantes, embora alguns tentem manter vivas as tradições de sua terra natal, as “diferenças nas celebrações são evidentes”.
“Aqui, o Natal é mais silencioso. Não temos aquele ambiente quente, os encontros ao ar livre e as danças. Mas vamos fazer o possível para manter nossa identidade e as nossas tradições vivas”, explica Milaudina Brito, residente em Portugal.
Em países com invernos rigorosos, como na França e em Portugal, as celebrações natalinas tendem a ser mais “introspectivas”, diferente das festividades ao ar livre e os encontros calorosos que caracterizam o Natal em Cabo Verde.
No entanto, para alguns a tecnologia tem ajudado a diminuir a distância, proporcionando alguma conexão entre os emigrantes e suas famílias.
“É uma mistura de tristeza e melancolia não estar a passar esse momento de reunião familiar. Mas, felizmente, as videochamadas ajudam a encurtar a distância e a aliviar esse sentimento”, diz o emigrante em França Vladimir Mendes, destacando que, apesar de tudo, nada substitui a presença física dos familiares.
Com o crescente número de cabo-verdianos a emigrar em busca de uma vida melhor nos últimos anos, muitos se veem divididos entre o desejo de construir um futuro no exterior e a “saudade de uma terra e de um Natal que não se repetem”.
Apesar dos desafios, para estes emigrantes, a esperança de um dia retornar e a força das novas amizades ajudam a tornar o Natal mais suportável, mesmo estando longe de casa.
DV/HR
Inforpress/fim
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