Espargos, 25 Jan (Inforpress) – O comandante Júlio de Carvalho, falecido no passado mês de Novembro de 2024, foi hoje homenageado pelos familiares, amigos e camaradas, para lembrar o contributo dado no processo de luta pela independência e construção da nação.
A sessão de homenagem, que aconteceu na cidade de Espargos, contou com momentos de partilha e reflexão entre o combatente, o estadista e o homem Júlio de Carvalho.
Para a filha, Ana de Carvalho, esta homenagem póstuma, nas vésperas que Júlio de Carvalho completaria 82 anos, é no sentido de permitir àqueles que não conseguiram dar um último adeus ao comandante, que faleceu na cidade da Praia e sepultado no Mindelo, de certa forma, despedir-se do cabo-verdiano que dedicou a sua juventude à luta da libertação.
“A conferência fala sobre três partes do Júlio de Carvalho. Primeiro, como combatente, que temos um cineasta amigo, que desde 2017 ele tem vindo acompanhar o meu pai numa série de entrevistas, num documentário que ele está a fazer sobre os combatentes, depois temos o Démis Almeida que foi um grande amigo dele que foi convidado para falar sobre o estadista”, explicou.
“Numa terceira parte, uma sobrinha, que vive fora, vive entre São Vicente e Suíça, fala um pouco sobre o tio Julinho, sobre o papel que ele teve no nosso crescimento, na educação de todos, e depois o público também poderá, cada pessoa que quiser intervir e falar um pouco sobre o que é que foi Júlio de Carvalho para ele”, continuou.
Durante a homenagem também teve momentos de dança típica da Guiné Bissau, isto porque, conforme a filha Ana de Carvalho, o comandante Júlio de Carvalho “de certa forma, também filho da Guiné Bissau”, já que esteve lá durante muitos anos lutando pela liberdade da pátria.
“Paralelamente, temos uma exposição com o espólio dele, ou seja fotografias que contam a história da sua infância, da parte familiar, dos amigos, mas também que conta a história da luta armada e conta a história da independência e o pós-independência, porque ele acaba por se misturar também com todo este processo”, sublinhou.
Da exposição contam ainda alguns bens, nomeadamente as fardas, os emblemas, os troféus, as medalhas, que estiveram abertos para os visitantes que quisessem conhecer um pouco da história do homenageado.
Julinho de Carvalho, como era conhecido, nasceu em Mindelo a 27 de Janeiro de 1943.
Integrou a luta armada em Kandjafara, como comandante de artilharia da Frente Sul e, em Maio de 1973, participou na operação que culminou com a tomada do quartel fortificado de Guiledge, prenunciando o fim da ocupação portuguesa na Guiné.
Após o 25 de Abril de 1974, participou nas primeiras negociações com militares portugueses realizados a 15 de Julho, em Cantanhez, no sul da Guiné, visando o estabelecimento de um cessar fogo na Guiné, tendo em finais de 1974, depois da Independência da Guiné, permanecido em Bissau onde, durante cinco anos, exerceu as funções de comissário político das Forças Armadas.
Depois do golpe de Estado de 1980 estabeleceu-se em Cabo Verde onde exerceu funções de ministro do Interior, primeiro e, de seguida, ministro da Defesa e Segurança, no último mandato de Pedro Pires como primeiro-ministro.
Faleceu no ano passado a 26 de Novembro na cidade da Praia e as cerimónias fúnebres foram realizadas na sua cidade natal, Mindelo.
NA/ZS
Inforpress/Fim
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