Economista diz que classificação como país de rendimento médio alto “não reflecte” realidade cabo-verdiana

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Economista diz que classificação como país de rendimento médio alto “não reflecte” realidade cabo-verdiana
27/06/25 - 04:28 pm

Cidade da Praia, 27 Jun (Inforpress) – O economista António Baptista disse hoje que a classificação como país de rendimento médio alto “não reflecte” o bem-estar e as condições económicas de Cabo Verde, faltando a integração entre diferentes sectores da economia para conseguir alcançar este patamar.

António Baptista falava em declarações à Inforpress, após o primeiro-ministro anunciar na noite de quarta-feira, 25, na sua página na rede social, que Cabo Verde será oficialmente classificado como “país de rendimento médio alto em 2026” pelo Banco Mundial na sua actualização da classificação de rendimento dos países para o ano fiscal de 2026.

Segundo este especialista, essa classificação, tem o lado bom e menos bom, lembrando que o Banco Mundial classifica os países em função do rendimento do PIB per capita.

“A pressão é mais forte, o acesso ao crédito é mais caro, porque não estamos enquadrados nos países que são mais carentes”, comentou.

O desafio, conforme explicou, é que Cabo Verde vai ser comparado com países que já estão neste nível há mais tempo e afirmou que o arquipélago ainda é “muito carente de infra-estruturas económicas, e não é o que se espera de um país de rendimento médio alto.

Disse também que o país enfrenta vários desafios em termos de transportes, de produtividade agrícola e da pesca que é “muito baixa”, e o sector primário também que é “muito pouco” desenvolvido.

“A nível de rendimento da categoria onde nós vamos ser classificados, apresentaremos algumas limitações e carências em termos de infra-estrutura, porque essa classificação não representa em si a vulnerabilidade do país”, assegurou.

António Baptista acrescentou igualmente que Cabo Verde é um país ainda “muito vulnerável”, com déficit nas contas externas, carências em infra-estrutura e, nesse sentido, estar classificado por uma posição nessas categorias “dificulta” o acesso a crédito, as subvenções e doações.

Quanto ao lado bom, explicou que vai colocar o país com uma imagem “mais elevada”. E disse acreditar que é uma “boa notícia” para o país e que o Governo terá um pouco mais de trabalho para tentar alcançar os indicadores semelhantes aos países que já estão lá há mais tempo.

Para o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, este marco reflecte o “crescimento sólido da economia” cabo-verdiana, que registou “um aumento de 7,3% em 2024 e uma inflação controlada de apenas 1,7%”.

“Esta conquista é fruto do trabalho árduo do nosso povo, da confiança dos nossos parceiros e da visão estratégica que temos vindo a implementar enquanto Governo”, realçou.

Correia e Silva acrescentou que reconhecendo os desafios que persistem, Cabo Verde irá trabalhar com o Grupo Banco Mundial na definição de um plano de transição, no âmbito da nova Estratégia de Parceria com o país.

Apesar da reclassificação, e sendo um Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (SIDS, sigla em inglês), com vulnerabilidades estruturais, escreveu o chefe do Governo, Cabo Verde continuará a ter acesso a financiamento concessional, nomeadamente através da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA, sigla em inglês).

“Continuaremos a trabalhar com determinação para garantir que esta transição se traduza em mais oportunidades, mais justiça social e um futuro sustentável para todos os cabo-verdianos”, sustentou o chefe do Governo.

DG/ZS

Inforpress/Fim

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