Espargos, 05 Fev (Inforpress) – Líderes de associações de pescadores da ilha do Sal apelaram hoje a um “djunta-mon” (juntar de mãos, em português) de toda classe para uma “maior valorização” da atividade da pesca, no dia dedicado aos pescadores.
Conforme o líder associativo da localidade de Pedra de Lume, Constantino Tavares, o maior desafio de momento é a ausência de união entre os pescadores desta zona piscatória, que têm estado afastados da associação, “num gesto de desconfiança” em relação aos projectos da associação.
“Para breve iremos abrir a casa do combustível e colocar em funcionamento a câmara fria entre outros projetos para beneficiar os pescadores de Pedra de Lume e modernizar o sector da pesca, entretanto, temos sentido que os pescadores estão receosos de colaborar com a associação”, concretizou a mesma fonte.
Para criar melhores condições para aqueles que escolhem este sector para tirar o sustento da família, várias outras infra-estruturas de necessitam de melhorias na localidade, de entre eles um arrastador, projecto que Constantino Tavares afiançou estar já a trabalhar em parceria com a Câmara Municipal do Sal para sua concretização.
“Ainda no primeiro trimestre deste ano, o projeto dos arrastadores de botes vai ser concretizado para maior segurança”, sustentou a mesma fonte.
Quando se refere a incentivos ao sector das Pescas, o líder lembra que já foram assinados alguns contratos-programa com os diferentes municípios de Cabo Verde e com verbas que chegam à classe, através de apoios nas mais diversas áreas.
“A Associação de Pescadores de Pedra de Lume tem tido uma boa relação com o Governo e com a câmara municipal, inclusive o vereador pela área já deu luz verde a mais alguns projetos que em breve iremos avançar e que vão contribuir para o desenvolvimento da comunidade”, anunciou Constantino Tavares.
A mesma fonte lamentou, entretanto, o facto de ainda os pescadores desta comunidade não se terem reunido para procurar outras formas de aumentar a captura nesta região, “estudar e modernizar” a pesca praticada na localidade de Pedra de Lume.
Aqui, continuou, os pescadores já se habituaram a sair para faina apenas no período da manhã, sabendo que na parte noturna é mais apropriado para a pesca, como acontece na localidade de Palmeira.
Na cidade turística de Santa Maria, que tem na pesca a segunda maior fonte de renda, o presidente da associação, José Augusto Gomes, chama atenção para a situação de falta de peixe, segundo este, devido à “pesca indevida” de navios estrangeiros e à invasão da espécie Toninha.
“É claro que existem leis, mas a questão é que faltam recursos humanos para fazerem cumprir as leis. A título de exemplo, vimos constantemente barcos que lançam as suas redes mesmo dentro da baía e nada é feito”, denunciou.
No tocante à modernização do sector, o líder associativo disse acreditar que é necessário apostar em mais formações e criar infraestruturas pertinentes para o sector.
Outro entrave, assinalou, é a questão da conservação do pescado, já que na cidade não existe espaço apropriado para tal.
José Augusto Gomes partilha da mesma ideia do líder associativo da localidade de Pedra de Lume sobre a ausência de união da classe na ilha, para juntos poderem “driblar os desafios” impostos à classe.
O presidente da associação dos pescadores de Santa Maria, concluiu que os pescadores devem respeitar a legislação em curso, apelando aos companheiros para não arriscarem quando as condições do mar não permitem e é dado o alerta de interdição de saída das embarcações de boca aberta.
O Dia Nacional do Pescador comemora-se anualmente a 5 de Fevereiro e foi instituído por resolução do Conselho de Ministros nº5/2003, de 24 de julho.
Visa prestar um “justo reconhecimento” aos pescadores cabo-verdianos e homenagear a memória de todos aqueles que ao longo dos anos têm se dedicado à atividade da pesca, e reconhecer a “inequívoca” importância do papel desempenhado pelos pescadores e o contributo decisivo que eles têm dado para a evolução da economia do país.
Na ilha do Sal, para celebrar o dia, decorre desde do mês passado um conjunto de actividades para homenagear aqueles que diariamente enfrentam os perigos do mar para conseguirem abastecer o mercado com peixe e outros produtos do mar e tirar o sustento das famílias.
NA/AA
Inforpress/Fim
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