
Bissau, 01 Nov (Inforpress) - O Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau anunciou a detenção de vários militares na sequência de uma alegada tentativa de golpe de Estado perpetrada por generais e oficiais de alta patente do Exército, a poucas semanas das eleições presidenciais.
"Este lamentável episódio, no qual estão envolvidos alguns generais e oficiais de alta patente das nossas Forças Armadas, põe em risco a paz e a estabilidade tão desejadas para o desenvolvimento socioeconómico e a captação de investimento estrangeiro", afirmou o chefe da Divisão Central de Recursos Humanos e Pessoal, Fernando Gomes da Silva, em comunicado de imprensa, conforme noticia o jornal 'O Democrata'.
Durante a conferência de imprensa, o porta-voz militar exibiu gravações que, segundo disse, comprovam a tentativa de golpe, que descreveu como "acontecimentos reais e inaceitáveis". A investigação prossegue para identificar todos os envolvidos e levá-los à justiça.
Da mesma forma, o Estado-Maior garantiu que não permitirá "distúrbios ou desordem" no processo eleitoral em curso e que manterá fortes medidas de segurança para garantir que o mesmo decorre normalmente.
"As Forças de Defesa e Segurança advertem que não permitirão qualquer interferência de indivíduos ou grupos, através de ações de manipulação psicológica, redes sociais ou outros meios de comunicação, com o objetivo de desestabilizar ou desacreditar a liderança militar", refere o comunicado.
Um dos detidos é o Brigadeiro-General Dabana Na Walna, que terá solicitado armas, veículos e coletes à prova de bala, aproveitando a sua posição de instrutor num centro de formação, para posteriormente os utilizar no alegado plano de golpe de Estado, liderado pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló.
Um dia antes destas detenções, e no meio de relatos de crescente instabilidade, Simões Pereira, o principal opositor do atual Presidente, declarou que nunca teve a intenção de derrubar a ordem constitucional.
"Os meus colegas e eu, aqueles que me acompanham, comprometemo-nos desde o início das nossas carreiras a utilizar apenas mecanismos democráticos, porque o partido político é o único instrumento que temos à nossa disposição", declarou em conferência de imprensa, também noticiada pelo jornal 'O Democrata'.
Embaló tomou posse em 27 de Fevereiro de 2020, depois de vencer a segunda volta contra Simões Pereira, que foi apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido no poder que liderava o país desde a sua independência de Portugal em 1974.
Inforpress/Lusa
Fim
Partilhar