Descoberta arqueológica surpreendente no Complexo da Misericórdia na Cidade Velha

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Descoberta arqueológica surpreendente no Complexo da Misericórdia na Cidade Velha
26/06/25 - 03:13 pm

Cidade da Praia, 26 Jun (Inforpress) – O arqueólogo e investigador da Universidade Nova de Lisboa André Teixeira afirmou hoje que as descobertas no espaço da antiga Misericórdia Hospital ultrapassaram todas as expectativas, com revelações surpreendentes durante as escavações.

Estas declarações foram feitas pelo arqueólogo à comunicação social, durante as celebrações do 16.º aniversário da Cidade Velha como Património Mundial, que culminaram com uma conferência intitulada “50 Anos de Independência: Um olhar sobre a Cidade Velha – da recuperação à busca pelo desenvolvimento sustentável”.

“Foi a maior surpresa que já tive em termos profissionais ao longo destes anos. Porque tínhamos essa incerteza, ou seja, a única coisa que existia deste enorme edifício público da Cidade Velha era apenas a torre sineira, mas revelou-se com vários metros de altura, portanto, com uma dimensão absolutamente inusitada, inesperada”, afirmou André Teixeira.

Sobre os próximos passos do projecto, o arqueólogo referiu que esta descoberta não foi fruto de uma investigação pura, mas sim do contexto de uma obra de reabilitação urbana promovida pelo IPC, devido à importância dos vestígios encontrados, está em discussão a musealização do local.

“Seria uma pena que não fosse valorizado, que não fosse divulgado e que não servisse como uma âncora para o desenvolvimento, precisamente aquilo de que estamos a falar aqui hoje”, acrescentou.

O objectivo é transformar o espaço num núcleo museológico, um ponto de interesse que acolha tanto a comunidade local como turistas, contribuindo para que “as pessoas tenham mais para descobrir na cidade, fiquem mais tempo na Cidade Velha, e isso também traga benefícios, claramente, para a cidade”.

No que respeita à importância histórica do Complexo da Misericórdia, André Teixeira destacou a sua monumentalidade como sendo “surpreendente” e o seu significado histórico “imenso”.

A Igreja da Misericórdia teve um papel igualmente crucial, servindo como sé da cidade durante cerca de dois séculos e mantendo uma função social e assistencial importante.

Relativamente ao andamento do projecto arqueológico, André Teixeira adiantou que ainda é prematuro definir uma data para a sua conclusão.

Por sua vez, a presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Ana Samira Baessa, destacou que este projecto de escavação do Complexo da Misericórdia acontece no âmbito da requalificação urbana e ambiental da Cidade Velha — um dos projectos mais avançados e que já se encontra em fase de contratualização.

Ana Samira garantiu que o projecto contempla a musealização desta zona, com a ligação entre dois dos monumentos de maior relevância no contexto do património religioso da Cidade Velha.

“Estou a falar do Complexo da Misericórdia em termos de acessibilidade, iluminação, paisagismo e da definição do novo circuito de visita. E no Complexo da Misericórdia, as ruínas já estão descobertas; vai-se agora fazer um trabalho de conservação e de musealização”, afirmou.

Quanto ao orçamento para a concretização do projecto, a presidente do IPC disse que este surge em parceria com o Banco Mundial e com financiamento do Governo de Cabo Verde, através do Plano Operacional do Turismo (POT), no valor superior a 300 mil contos, sendo que a intervenção no Complexo da Misericórdia rondará os 50 a 60 mil contos.

JBR/HF

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