Cidade da Praia, 13 Jul (Inforpress) – O delegado sindical da CV Handling fez hoje um balanço “bastante positivo” da greve de quatro dias, destacando uma adesão em torno dos 70%, “apesar das tentativas da administração de inviabilizar ou reduzir” o efeito da paralisação.
Segundo adiantou à Inforpress Ailton Martins, a greve teve impacto directo no funcionamento da empresa e do sector da aviação, com praticamente todos os voos a registarem “atrasos significativos”.
“Na aviação, um minuto justifica-se, mas meia hora é complicado e uma hora já é grave”, alertou, sublinhando que a paralisação causou constrangimentos para as companhias, passageiros e a própria empresa, e com repercussão a nível internacional.
O delegado sindical criticou ainda a postura da empresa que durante o período de greve não manteve qualquer contacto com os representantes dos trabalhadores, nem demonstrou abertura para negociar ou apresentar uma nova proposta.
Avançou que a administração recorreu a “trabalhadores em férias, deslocou funcionários de outras ilhas e alocou pessoal sem qualificação técnica” para desempenhar funções distintas, o que contraria os próprios protocolos da empresa.
Recordou que em Março deste ano a empresa assinou um acordo com os trabalhadores, comprometendo-se a cumprir um conjunto de reivindicações no prazo de dois meses.
No entanto, a empresa acabou por não cumprir com o acordado, justificando-se junto da Direção-geral do Trabalho com alegações baseadas em realidades laborais de países como Espanha e Alemanha, que segundo disse, tem uma realidade completamente diferente da de Cabo Verde.
“Trabalhamos 24 horas por dia, com mais de metade do nosso serviço concentrado no período noturno”, declarou.
Explicou que para garantir voos que partem da Praia às 08:00, os trabalhadores precisam iniciar os preparativos ainda de madrugada, chegando ao serviço por volta das 02:00.
Acrescentou que fazem turnos de sete, oito e até 12 horas, muito além das quatro horas semanais que o Código Laboral permite, tudo em nome da boa vontade para com a empresa, mas sem o devido reconhecimento.
Ailton Martins informou ainda que os trabalhadores da Praia receberam apoio de colegas de outras ilhas, que também manifestaram descontentamento e apelaram à união dos trabalhadores para uma reivindicação de âmbito nacional.
“O próximo passo será unir trabalhadores da Boa Vista, Sal, São Vicente e dos aeródromos, para uma ação nacional, impedindo que a empresa continue a usar pessoal de outras ilhas como solução temporária”, concluiu.
Os trabalhadores da CV Handling no Aeroporto Nelson Mandela iniciaram na quinta-feira, 10, uma greve de quatro dias reivindicando o pagamento do subsídio noturno e do subsídio de risco, “compromissos assumidos pela empresa em Março”, mas que, até ao momento, “continuam por cumprir”.
AV/AA
Inforpress/Fim
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