Cidade da Praia, 18 Jul (Inforpress) – Cabo Verde volta a alinhar-se com os Estados-membros da CPLP no esforço conjunto para promover sistemas alimentares “sustentáveis, resilientes e inclusivos”, reiterando também o seu “firme compromisso” com o multilateralismo, a democracia e a justiça social.
A intenção foi reiterada pelo Presidente da República, José Maria Neves, durante a sua intervenção na XV Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que decorre hoje em Bissau com a tónica na segurança alimentar, e numa organização com “mais acção além da retórica”.
“Nós queremos reafirmar que Cabo Verde se alinha com os restantes Estados-membros da CPLP neste esforço colectivo para que juntos possamos partilhar informações e conhecimento e, deste modo, traçar o melhor caminho para a construção de sistemas alimentares sustentáveis, resilientes e inclusivos”, precisou.
O chefe de Estado reiterou ainda o compromisso de Cabo Verde com o multilateralismo e com os princípios orientadores da comunidade, incluindo o primado da paz, da democracia, do Estado de Direito, dos direitos humanos e da justiça social.
Sob o lema ”A CPLP e a soberania alimentar: um caminho para o desenvolvimento sustentável”, que considerou de pertinente, tendo em conta o impacto global das crises geopolíticas, das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade, da insegurança energética e das recessões económicas sobre os sistemas alimentares especialmente nos países mais vulneráveis.
Reconheceu que a soberania alimentar não se limita ao direito de produzir, estando diretamente ligada à justiça social, à equidade económica e à preservação ambiental.
“Ela fortalece modelos agrícolas sustentáveis, fortalece os pequenos agricultores, protege a biodiversidade e respeita os saberes ancestrais, ela gera emprego, retém a juventude no campo e assegura alimentos saudáveis”, apontou.
Apesar das suas limitações e com apenas 10% do território com potencial agrícola, vulnerabilidade à seca e forte dependência das importações alimentares, adiantou que Cabo Verde tem investido na mobilização de água, através da dessalinização e construção de infraestruturas hídricas, bem como no desenvolvimento da agricultura e da pecuária.
“As estruturas económicas não diversificadas, aos altos custos de transporte, sem falar dos desafios ligados ao isolamento e às secas cíclicas que repercutem diretamente na produção interna, que é escassa e, portanto, na forte dependência do país em relação à importação de alimentos”, sublinhou.
Destacou ainda progressos do país no combate à pobreza e na melhoria do rendimento das famílias, tendo atingido o estatuto de país de rendimento médio desde 2007, e mais recentemente classificado pelo Banco Mundial como país de desenvolvimento médio-alto.
José Maria Neves reconheceu os desafios que ainda persistem, e considerou que o plano de trabalho adoptado pela CPLP é mais um incentivo adicional para continuar a trabalhar na garantia da segurança alimentar e nutricional dos cabo-verdianos.
O Presidente da República manifestou também total disponibilidade para colaborar com a Guiné-Bissau, que assume a presidência da CPLP, na consolidação do papel da comunidade no cenário internacional.
Além do anfitrião, o chefe de Estado guineense, Umaro Sissoco Embaló, a cimeira contou com os Presidentes de Timor-Leste, José Ramos Horta, de Cabo Verde, José Maria Neves, de Moçambique, Daniel Chapo, e de São Tomé e Príncipe, Carlos Manuel Vila Nova.
O Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, participou na qualidade de representante dos Países Observadores da CPLP.
Os chefes de Estado e de Governo vão eleger o novo secretário executivo da CPLP para o período de 2025 a 2027, sendo que Angola propôs a diplomata e ex-ministra angolana Maria de Fátima Jardim para substituir o timorense Zacarias da Costa.
AV/AA
Inforpress/Fim
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