Gante, Bélgica, 23 Fev (Inforpress) – O comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, admitiu hoje que, após a “experiência muito positiva” de emissão de dívida comum na União Europeia (UE) para recuperação económica pós covid-19, se utilize a metodologia para objectivos comuns na defesa.
“Em termos gerais, penso que a experiência que tivemos com a pandemia e a recuperação pós-pandemia - contraindo empréstimos nos mercados financeiros a partir de mais ou menos zero em mais de 100 mil milhões por ano de financiamento, através da [ida da] Comissão aos mercados -, é muito positiva”, declarou Paolo Gentiloni.
Nas declarações à chegada à reunião informal dos ministros das Finanças da zona euro e da União Europeia, na cidade belga de Gante, o responsável vincou que isso “não significa prolongar” o Fundo de Recuperação, no qual se integra o Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), que financia aos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Estou a dizer que podemos utilizar esta metodologia para diferentes âmbitos e objectivos comuns e, entre eles, é claro que a Defesa é agora absolutamente crucial”, adiantou Paolo Gentiloni, quando questionado sobre eventuais investimentos conjuntos nesta área, num contexto de tensões geopolíticas, como as causadas pela guerra da Ucrânia provocada pela invasão russa, que assinala dois anos no sábado.
Segundo dados divulgados esta quarta-feira, Portugal é o quinto Estado-membro da UE com maior impacto do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, que financia o PRR, no Produto Interno Bruto (PIB) em 2026, apesar das actuais verbas retidas.
Num relatório de revisão então divulgado, o executivo comunitário dá conta de que Portugal é o quinto país da UE com maior peso do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no PIB no ano de pico, que será 2026, só atrás da Grécia, Croácia, Espanha e Bulgária.
Quando se assinalam três anos da entrada em vigor do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), que financia então os PRR, Bruxelas estima que o plano português tenha um impacto que varia entre 3% a 3,5% do PIB num cenário de alta produtividade e de 2% a 2,5% do PIB em baixa produtividade.
Estas estimativas aplicam-se a um cenário de pico, que, segundo o executivo comunitário, será alcançado em 2026, e devem-se não só aos efeitos do plano nacional, como às consequências para a economia do espaço comunitário.
No conjunto da UE a 27, a instituição estima que o mecanismo pese até 1,4% no PIB real da UE em 2026, em comparação com um cenário sem as verbas da recuperação, e que o emprego aumente até 0,8% a curto prazo.
Inforpress/Lusa
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