Cidade da Praia, 05 Set (Inforpress) – A Biblioteca Nacional, na Praia, acolheu hoje o XII Encontro de Escritores de Língua Portuguesa que reuniu representantes da língua portuguesa, uma iniciativa da Câmara Municipal da Praia em parceria com a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.
O secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Vitor Ramalho, explicou que este ano, o encontro escolheu o tema “Literatura, Liberdade e Inclusão” devido ao centenário de nascimento de Amílcar Cabral, figura de “referência inultrapassável” para os povos de Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), e o quinto centenário de nascimento de Luís de Camões.
Para o secretário-geral, outra efeméride tem a ver com a Revolução do 25 de Abril em Portugal que, no fundo, acabou por coincidir com o início dos processos da independência dos PALOP.
“São esses temas que vamos abordar e vamos abordar com personalidades de referência, escritores, alguns deles aqui de Cabo Verde que são Prémios Pessoa, o maior prémio da literatura portuguesa como Arménio Vieira, Germano Almeida”, disse, asseverando que são temas vastos que propiciam o debate e que enriquece e valoriza a língua portuguesa.
Segundo Vitor Ramalho, o Reino Unido realizava há anos uma sondagem sobre a personalidade de referência mundial, e Amílcar Cabral seria o nome escolhido pelos cidadãos.
Um feito que considerou impressionante e que, no seu entender, posiciona Cabral como figura incontornável da língua portuguesa, por essencialmente ter projecto político defensor de causas de futuro, e por se afirmar contra o regime colonial e não contra Portugal.
“Tinha frases que revelam um homem de grande cultura, nomeadamente esta que diz que todos nós, mas do que falarmos português, pensamos em português, que é a forma mais elaborada de facto de exprimirem importância da língua que hoje é universal” realçou, recordando que a língua portuguesa é a primeira mais falada no Atlântico Sul.
O vereador da Cultura da Câmara Municipal da Praia, Fernando Pinto, promotor da iniciativa, disse que falar da literatura e liberdade é “suscitar e reavivar a vivência” de que a literatura, em todos os tempos, sempre esteve nas “trincheiras da luta” contra qualquer forma de opressão social.
“Falar da literatura e liberdade, é falar do escritor enquanto historiador do presente, alguém que fala em nome da verdade e denuncia as manobras do poder”, disse.
O Presidente da República, José Maria Neves, que presidiu à abertura do evento, enalteceu o contributo dos escritores para o diálogo e a formação da esfera pública cabo-verdiana citando nomes como Lopes de Vasconcelos, Eugénio Tavares, Manuel Lopes, Baltazar Lopes da Silva e Jorge Barbosa.
Para o chefe de Estado, o livro e a literatura assumem papel essencial na busca de mais dignidade, liberdade e diálogo, o que neste momento está a desaparecer devido às tecnologias informações que têm destruído e introduzido ruídos no diálogo.
José Maria Neves afirmou que o país vai sair mais enriquecido do centenário de Cabral, exaltando que o mesmo tinha a “dignidade humana” no centro.
LT/CP
Inforpress/Fim
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