Pequim, 06 Dez (Inforpress) – A China encerrou hoje um fórum de dois dias sobre segurança no Golfo da Guiné, que contou com a presença de um responsável cabo-verdiano, numa altura em que Pequim tenta aumentar a presença militar em África.
O seminário, organizado pela Marinha chinesa, decorreu em Xangai e contou com a participação das forças armadas de 18 países, de acordo com um comunicado do Ministério da Defesa.
Entre os participantes esteve o responsável pela guarda costeira de Cabo Verde, Armindo António da Graça. Também a Guiné Equatorial enviou um representante.
O fórum teve como objetivo “aprofundar a cooperação amigável China - África e dar novos e maiores contributos para responder conjuntamente às ameaças e desafios da segurança marítima e salvaguardar conjuntamente a paz e a estabilidade regionais”, indicou o PLA Daily, o jornal oficial do Exército de Libertação Popular chinês.
Em 2017, o país asiático abriu a primeira base militar no estrangeiro, em Djibuti, no Corno de África. Mas o princípio de não-intervenção continua a constituir uma pedra basilar da política externa chinesa, limitando a atuação das Forças Armadas do país asiático para proteger alvos e ativos no exterior.
Especialistas chineses e estrangeiros observaram, porém, que Pequim vai ser obrigada a reavaliar este princípio, à medida que os interesses além-fronteiras aumentam.
No discurso de abertura do fórum, o comandante da marinha chinesa, o almirante Hu Zhongming, disse que a segurança e a estabilidade do Golfo da Guiné eram de “grande importância para os países da região, para África como um todo e até para o mundo”.
“A marinha chinesa está disposta a trabalhar com os amigos do Golfo da Guiné para contribuir com sabedoria e força para promover uma maior paz, segurança, estabilidade e prosperidade no Golfo da Guiné”, disse Hu, de acordo com o comunicado do Ministério.
Este foi o segundo fórum deste género desde 2022 e o primeiro realizado presencialmente.
A nota do Ministério indicou que foram abordadas questões de cooperação em segurança e medidas para “lidar conjuntamente com ameaças e desafios marítimos, como pirataria, contrabando e pesca ilegal”.
O evento incluiu visitas aos navios de guerra da marinha chinesa, o contratorpedeiro de mísseis guiados Tipo 052D Zibo e a fragata de mísseis guiados Luan, bem como à Universidade de Medicina Naval.
A pirataria é, em particular, um problema crescente para a China, que é um grande exportador de mercadorias para a África Ocidental e também o principal comprador de matérias-primas da região, incluindo petróleo.
O rapto de tripulantes chineses e a destruição de equipamento são fonte de preocupação para as autoridades do país asiático.
O fórum ocorreu também numa altura em que a China tem procurado aumentar a cooperação militar com os países africanos.
Em setembro, o Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu 137,2 milhões de dólares (mais de 130 milhões de euros) em ajuda militar e formação para 6.000 militares e 1.000 polícias de países africanos, durante um discurso no Fórum da Cimeira de Cooperação China - África.
Em dezembro de 2021, o jornal norte-americano The Wall Street Journal noticiou que a China estava a planear construir uma base naval na Guiné Equatorial, onde o país asiático reconstruiu e ampliou já um porto comercial.
A base militar proposta pela China na Guiné Equatorial permitiria projetar poder mais a oeste, apoiando as ambições globais de Pequim, segundo analistas.
O WSJ citou relatórios confidenciais dos serviços secretos norte-americanos e funcionários não identificados dos Estados Unidos.
Situado na costa oeste de África, o Golfo da Guiné oferece uma porta de entrada para o Atlântico e proximidade de recursos petrolíferos e rotas comerciais vitais.
Inforpress/Lusa
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