Campo de Concentração acolhe filme “Tarrafal, Terra Longe” sobre história dos prisioneiros angolanos em Cabo Verde

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Campo de Concentração acolhe filme “Tarrafal, Terra Longe” sobre história dos prisioneiros angolanos em Cabo Verde
18/11/25 - 02:30 pm

Cidade da Praia, 17 Nov (Inforpress) – O filme “Tarrafal, Terra Longe” do cineasta e realizador angolano Zeze Gamboa, que será divulgado hoje às 17:00, aborda a vivência dos presos angolanos no Campo de Concentração do Tarrafal marcado pelo sofrimento, a resiliência e determinação.

A sessão enquadra-se nas actividades realizada pelo Instituto Pedro Pires para a Liderança (IPP), em parceria com o Instituto do Património Cultural (IPC) e a Câmara Municipal do Tarrafal, em comemoração dos 50 anos da independência de Cabo Verde.

Em declarações à Inforpress, Zeze Gamboa explicou que a produção retrata o tempo facista e totalitário que dominava a época, e que as pessoas contra o regime, eram presas, apenas por terem cometido o delito de “opinião”.

Segundo o realizador, o campo foi criado pelos portugueses em 1935 para encarcerar os primeiros presos políticos antifascistas durante a ditadura de Oliveira Salazar, e foi posteriormente encerrado em 1956, para reabriu em 1961 e receber patriotas cabo-verdianos, guineenses e angolanos.

“Esta história já foi contada algumas vezes pelos cineastas portugueses, mas com o enfoque nos portugueses. Faltou a parte dos africanos que estavam presos”, disse, avançando que o grito de liberdade foi um dos principais motivos que levou a produção do filme.

O projecto, conforme contou, iniciou-se em 2010, contudo só foi possível toda a realização em 2022 devido à falta de financiamento, ficando completamente concluído em 2024 e estreou-se em Angola no dia 27 de Setembro.

Segundo Zeze Gamboa, o facto de os angolanos estarem longe das famílias, implicou a ausência de visitas, o que tornou a situação ainda mais insustentável.

“Isto do ponto de vista físico é um horror e psicologicamente é uma tortura”, considerou, avançando que a documentação baseia-se em testumunhos das personagens e da vida que levavam antes da prisão.

Instado sobre como o telespectador pode receber o filme, no entender de Zeze Gamboa, cada espectador “em função de si próprio” poderá determinar as suas emoções, destacando que “cada público é um público”.

O realizador enfatizou ainda a carga emocional que o próprio espaço traz para a projecção do filme, recordando que o campo tem acolhido diversas actividades culturais, mas nunca uma cinematográfica.

LT/ZS

Inforpress/Fim

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