Cidade da Praia, 13 Fev (Inforpress) - A secretária de Estado das Finanças, Adalgisa Vaz, participou hoje num diálogo de alto nível que antecedeu a Conferência dos Ministros Africanos das Finanças, que este ano debate o financiamento para a transição para economias verdes em África.
O encontro, promovido pelo Escritório Sub-Regional da Comissão Económica das Nações Unidas (CEA) para a África Ocidental, em formato virtual, foi oportunidade para a governante cabo-verdiana partilhar as estratégias do país e as experiências de mobilização de financiamento para a transição para economias verdes.
Adalgisa Vaz, que integrou um painel composto por representantes governamentais, do sector privado, estudiosos e investigadores, falou da mobilização de recursos internamente, através da Bolsa de Valores, com as emissões de obrigações azuis e obrigações verdes e, de forma particular, da experiência de conversão da dívida em investimento climático com Portugal.
“Trata-se de um modelo em que todo o serviço da dívida pública associado ao crédito concedido por Portugal é canalizado para um fundo climático que vai financiar projectos pré-aprovados por Portugal. E esta também é uma experiência aclamada, que os nossos parceiros de desenvolvimento e os países vizinhos estão a acompanhar”, disse a secretária de estado.
A nível do sector privado falou das parcerias com os bancos para concessão de créditos em condições vantajosas.
Adalgisa Vaz, que lembrou que no mês de Junho Cabo Verde acolheu a “África Caucus 2023”, evento que reuniu os ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do continente, durante a qual o arquipélago propôs o tema “Novos mecanismos de financiamento para o desenvolvimento em África" que foi aceite.
“Na sequência desta reunião dos ministros das Finanças, houve uma declaração e um memorando que também foi apresentado na Assembleia Geral do Banco Mundial e do FMI em Marraquexe. Tudo isto para sublinhar que estamos em sintonia com a abordagem do financiamento verde em África. E o ponto essencial que ficou retido é avançar com a preocupação de resolver a questão da dívida pública, desbloquear os fundos climáticos e dar ênfase ao sector privado”, indicou.
A governante cabo-verdiana defendeu que é preciso definir um novo paradigma para o financiamento do clima, que não pode ser abordado da mesma forma que no passado, isto é, através de linhas de crédito dos bancos.
“E estamos cada vez mais convencidos de que a abordagem dos fundos de investimento, da mobilização de investidores institucionais, o desenvolvimento do mercado de capitais e os instrumentos que também podem ser utilizados através de obrigações sociais verdes, obrigações de risco a abordagem da troca de dívida pública por financiamento em espécie, tudo isto e utilizando os mecanismos e instrumentos de redução do risco, podemos facilmente fazer progressos”, realçou.
Na abertura da reunião, a directora do Escritório Sub-Regional da CEA para a África Ocidental, Ngone Diop, realçou a necessidade dos países da África Ocidental serem capazes de mobilizar financiamentos, incluindo financiamentos inovadores, tanto a nível nacional como e internacional, para acelerar este processo dinâmico de transição para economias verdes.
Com o evento de hoje, explicou Ngone Diop, o CEA para África Ocidental quis contribuir para o debate, mas também para as reflexões e soluções para o problema do financiamento das transições para a economia verde.
“O escritório-regional da CEA está disponível para apoiar os países da melhor forma possível, identificando as várias necessidades, mas também os desafios e as oportunidades”, declarou.
A CEA defende o aproveitamento do potencial dos mercados de capitais e de crédito de carbono, o desenvolver cadeias de valor de veículos eléctricos, a promoção da economia verde e azul para o crescimento inclusivo, o aumento e melhoramento do financiamento climático, e ecologização Área de Livre Comércio Continental Africana.
A Conferência dos Ministros Africanos das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento Económico, que este ano tem como tema “Financiar a transição para economia verde em África: imperativos, possibilidades e meios de acção", terá lugar de 28 de Fevereiro a 05 de Março, na cidade de Victoria Falls, no Zimbabwe.
A economia verde actualmente é vista como um novo paradigma do crescimento económico que considere atitudes amigáveis ao ecossistema da Terra e que contribua para alívio da pobreza.
MJB/CP
Inforpress/Fim
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