Cidade da Praia, 02 Jun (Inforpress) – Cabo Verde e Comores estão na linha da frente entre os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID) africanos, ao desenvolverem estratégias para construir economias mais resilientes ao clima, inclusivas e sustentáveis, apesar de desafios.
Segundo a Comissão Económica das Nações Unidas para a África (CEA), ambos os países foram escolhidos como “países-piloto” do projecto “Mobilizar Recursos Financeiros Externos para Além da Covid-19”, implementado em parceria com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Em nota divulgada no âmbito do Diálogo Regional sobre Financiamento Externo e Desenvolvimento Resiliente ao Clima, a directora cessante da Divisão de Macroeconomia, Finanças e Governação da CEA, Zuzana Schwidrowski, destacou que os PEID africanos, incluindo Cabo Verde, são particularmente vulneráveis a choques externos, custos elevados de comércio e endividamento crescente.
Cabo Verde, segundo a mesma fonte, apresenta actualmente uma dívida pública equivalente a 109% do PIB, consequência de necessidades de investimento e dos impactos da pandemia de covid-19, e Comores, por sua vez, enfrenta elevado risco de sobre-endividamento, limitando o acesso a novos financiamentos.
A nota salienta que, apesar destas dificuldades, Cabo Verde e Comores estão a desenvolver estratégias financeiras inovadoras, incluindo o uso de plataformas como a Blu-X para atrair investimentos sustentáveis.
Em Cabo Verde, estima-se um défice anual de 10.300 milhões de escudos para atingir os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), enquanto Comores identifica necessidades de financiamento climático superiores a 140.000 milhões de escudos.
Durante o encontro, foram discutidas medidas como obrigações verdes, azuis, da diáspora e trocas de dívida por clima, além de reformas institucionais e reforço da cooperação entre Ministérios das Finanças e do Ambiente.
A reunião, segundo o documento, contou com representantes de Cabo Verde, Comores, Seicheles, Maurícia, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Madagáscar e Benin, além de parceiros da UNCTAD e do sistema das Nações Unidas.
A CEA anunciou, acrescenta a mesma fonte, que pretende expandir o apoio a outros países africanos, com vista a operacionalizar estas estratégias através de capacitação e assistência técnica.
A Quarta Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FFD4), a realizar-se de 30 de Junho a 03 de Julho, em Sevilha, Espanha, será uma oportunidade para debater mecanismos de financiamento internacional mais justos e inclusivos para países vulneráveis.
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Inforpress/Fim
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