Cidade da Praia, 24 Jun (Inforpress) – O Banco Mundial considera que Cabo Verde está numa trajectória “sólida de recuperação económica”, mas alerta para a necessidade de acelerar reformas estruturais e promover políticas inclusivas, com destaque para a igualdade de género.
A conclusão consta da mais recente edição da Actualização Económica de Cabo Verde 2025, divulgada pelo Grupo Banco Mundial, sob o título “Desbloquear o potencial económico das mulheres”, ressalvando que estas medidas irão garantir um crescimento sustentável e duradouro.
Segundo o relatório, o Produto Interno Bruto (PIB) real do país cresceu 7,3 por cento (%) em 2024, impulsionado pela retoma do turismo e por uma recuperação moderada no sector agrícola.
Apesar dos avanços assinalados na redução da pobreza, na consolidação da gestão macroeconómica e na queda do endividamento público, o Banco Mundial alertou para fragilidades persistentes, como a elevada dependência do turismo, a exposição a choques externos e os desafios financeiros enfrentados pelas empresas públicas.
A representante residente do Banco Mundial em Cabo Verde, Indira Campos, destacou a “resiliência” do povo cabo-verdiano, sublinhando, no entanto, que “para transformar esta retoma numa prosperidade duradoura e inclusiva, são necessárias reformas ousadas, em particular, para melhorar a governação das empresas públicas, apoiar a participação económica das mulheres e diversificar a economia”.
De acordo com o documento, a taxa de inflação caiu para 1% em 2024, o valor mais baixo dos últimos anos, o que contribuiu para a redução da taxa de pobreza para 14,4%, com base na linha internacional de pobreza de 3,65 dólares por dia.
Destacam-se ainda o aumento do investimento público, a melhoria da balança corrente, que registou excedente pela primeira vez em quatro anos, e a continuidade da trajectória descendente da dívida pública.
As projecções para 2025 apontam para um crescimento económico de 5,9%, acompanhado de uma nova redução da pobreza. No entanto, o relatório adverte para riscos decorrentes das incertezas globais, da volatilidade dos preços das matérias-primas e das alterações climáticas.
Nesse sentido, o Banco Mundial recomendou que o Governo mantenha a disciplina orçamental, evite a criação de novas entidades públicas sem garantias de sustentabilidade financeira e priorize investimentos com elevado impacto económico e social.
O documento dedica ainda uma secção especial ao papel das mulheres na dinamização do crescimento económico, defendendo que a eliminação das desigualdades de género no mercado de trabalho e nos rendimentos pode aumentar o PIB nacional em até 12,2% a longo prazo.
Entre as medidas recomendadas, destacam-se o alargamento do acesso a serviços de cuidados infantis, a promoção de competências femininas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), bem como no ensino técnico e formação profissional, além do combate à discriminação no local de trabalho e a transformação das normas sociais.
Anna Carlotta Massingue, economista principal do Banco Mundial para Cabo Verde, concluiu que, ao alinhar os esforços de reforma com políticas inclusivas, o país tem uma oportunidade única de reforçar a resiliência, capacitar mais cidadãos, especialmente mulheres, e construir um futuro mais sustentável e justo.
“Ao alinhar os esforços de reforma com políticas inclusivas, Cabo Verde tem uma oportunidade única de reforçar a resiliência, capacitar mais cidadãos, especialmente mulheres, e construir um futuro mais sustentável e justo”, concluiu.
KA/SR//CP
Inforpress/Fim
Partilhar