
Cidade da Praia, 01 Dez (Inforpress) – Cabo Verde conseguiu uma cobertura nacional de 82% em tratamento antirretroviral, realizou mais de 40 mil testes de VIH, apoia 7.200 pessoas e mantém com tratamento antirretroviral 3.100 pessoas, disse hoje o ministro da Saúde.
As informações foram avançadas por Jorge Figueiredo à imprensa no acto central realizado pelo Comité de Coordenação do Combate à Sida (CCC-Sida), para assinalar o Dia Mundial de Luta Contra o VIH-Sida que este ano acontece sob o signo “Eliminar as barreiras, transformar as respostas à sida”.
“Garantimos 100% de cobertura de Terapia Antirretroviral para grávidas seropositivas, consolidando a interrupção da transmissão mãe-filho e reforçámos a vigilância epidemiológica com a ampliação das acções de terreno e da procura ativa de casos, particularmente na Praia, São Vicente e Sal”, afirmou o titular da pasta da Saúde.
A mesma fonte indicou, por outro lado, que mais de 98% das grávidas têm acesso ao teste para despistagem do VIH e sífilis.
Entre os compromissos assumidos, o governante apontou o de alcançar a certificação de Cabo Verde como um país livre da transmissão vertical do VIH e para a eliminação da Sida até 2030, avançando que o país já cumpre os critérios com zero crianças a nascer com o vírus.
Jorge Figueiredo, afirmou ainda que estes indicadores e dados não são meras estatísticas frias, mas que representam vidas protegidas e uma rede de saúde pública que está a funcionar, refletindo assim em “políticas públicas consistentes, uma sociedade civil activa e uma longa e estratégica cooperação” com o Sistema das Nações Unidas e com o Fundo Global.
O ministro da Saúde explicou ainda que assim como os dados evidenciam progressos, o país enfrenta também desafios que não podem ser relativizados e que indicam que 58% das pessoas em tratamento têm carga viral suprimida, um valor abaixo da meta 95-95-95 e que exige intervenções mais agressivas na adesão, no acompanhamento comunitário e no acesso aos testes de carga viral.
O ministro revelou ainda que cerca de 18% das pessoas que vivem com o VIH permanecem fora do radar clínico, o que compromete a continuidade dos cuidados e aumenta o risco de novas infecções.
“Em suma, Cabo Verde, com uma epidemia concentrada e de baixa prevalência, encontra-se numa posição bastante favorável, mas não imune. Se o financiamento cair, se o trabalho comunitário enfraquecer, se abrandar na inovação biomédica ou afrouxamos na boa governança, os progressos podem desaparecer, como temos visto acontecer em vários países africanos ao longo de 2024 e 2025”, disse.
Face a essa leitura, explicou que o país tem de preparar para o futuro e o novo ciclo do Fundo Global (GC8), em que terá de demonstrar que é capaz de sustentar os avanços, inovar na prevenção combinada e reforçar a capacidade de diagnóstico, vigilância e adesão ao tratamento.
Neste âmbito, garantiu que o Governo reafirma de forma inequívoca a proteger as populações mais vulneráveis, a trabalhar lado a lado com a sociedade civil, a inovar na prevenção e a garantir que a resposta ao VIH em Cabo Verde permanecerá “firme, humana e guiada por evidências”.
Questionado sobre o estigma a que as pessoas com HIV estão sujeitas, já que algumas estão a deixar tratamento, Jorge Figueiredo afirmou já estar a par da situação e que vai ser trabalhado com modelos que impõem uma “visão mais humanitária”.
Cabo Verde tem cerca de 7.200 pessoas abrangidas com apoio directo e 3.100 em tratamento do HIV, sendo que 300 são novos casos anuais, numa taxa de prevalência de 0.6. para as mulheres e 0.5 para os homens.
PC/AA
Inforpress/Fim
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