Boxe: Federação exige mais atenção para que modalidade deixe de ser “o filho pobre” (c/áudio)

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Boxe: Federação exige mais atenção para que modalidade deixe de ser “o filho pobre” (c/áudio)
06/08/24 - 01:30 pm

Cidade da Praia, 06 Ago (Inforpress) – O presidente da FCB regozijou-se hoje com a primeira medalha olímpica cabo-verdiana conquistada pelo pugilista David Pina, mas reclamou a criação de condições para que o boxe deixe de ser “o filho pobre do desporto cabo-verdiano”.

Em entrevista à Inforpress, Manuel Monteiro disse que a Federação Cabo-verdiana de Boxe (FCB) e ele próprio receberam “com muito agrado esta vitória do David, a vitória de todo Cabo Verde, sobretudo pelo boxe, a modalidade que é o filho mais pobre, praticado nos bairros e visto como um desporto dos mais pobres e praticado por pessoa de boa vontade”.

Ainda assim, recordou que o boxe tem dado grandes resultados ao país, salientando que “Cabo Verde teve sempre bons pugilistas, no país e na emigração em países como França, Estados Unidos da América, Holanda e Inglaterra”, razão pela qual exorta as autoridades nacionais a uma aposta séria no desporto individual.

“O David veio lá de Santa Cruz, interior de Santiago, com treinos de rua, assim como temos pugilistas em São Vicente, na cidade da Praia, na Boa Vista, no Sal, no Maio, na ilha do Fogo e em Santo Antão. Meninos que treinam debaixo das árvores, porque é um desporto fácil de ser praticado. Havendo mais apostas teremos mais Davids”, afirmou.

Considerou que a Bolsa da Solidariedade Olímpica foi determinante para que o “atleta cabo-verdiano do momento” conquistasse a medalha de bronze na categoria -51 quilogramas nos Jogos Olímpicos de Paris’2024.

“Havendo condições, as modalidades individuais vão longe. Peço encarecidamente que o boxe seja visto, enquanto desporto individual, assim como as demais modalidades individuais como natação, atletismo, karaté, taekwondo, judo, etc”.

O líder federativo reclamou a criação de melhores condições para a prática da modalidade, alegando “o que está em causa é a imagem de Cabo Verde” e afirmou mesmo que “David hoje é mais conhecido do que os nossos governantes, assim como no tempo da Cesária Évora com a música”.

Manuel Monteiro aproveitou para reclamar uma maior atenção das empresas e outras instituições no sentido de apoiarem um bocadinho o boxe, ressalvando que “se subtraírem menos de um ou dois por cento (%) dos patrocínios atribuídos aos desportos colectivos para serem colocados ao serviço do desporto individual, vamos longe e teremos mais estrelas a dignificar Cabo Verde”.

“Este é todo o meu lamento porque o único patrocinador que temos é o Governo, mas o Governo não pode suportar tudo. As nossa empresas têm de entender que ao patrocinarem os atletas serão representados em todas as competições nacionais e internacionais, como o campeonato do Mundo, os campeonatos Africanos, os Jogos Olímpicos e outros torneios”.

Manuel Monteiro sustentou a sua tese em como a aposta no desporto individual está a ter reflexos em países insulares como Santa Lúcia, República Dominicana, Jamaica, entre outros, ao conquistarem medalhas de ouro no Paris’2024, todos em competições individuais ante grandes potenciais mundiais.

SR/HF

Inforpress/Fim

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