Cidade da Praia, 16 Fev (Inforpress) - A presidente da Associação das Empregadas Domésticas de Cabo Verde (ASED-CV) mostrou-se hoje “optimista” em relação a implementação da carteira profissional para ainda este ano visando melhorar as condições de trabalho e promover mais dignidade à classe.
Em entrevista à Inforpress, Maria Gonçalves fez um balanço “razoável” do funcionamento da ASED-CV em 2023, indicando que tem trabalhado no sentido de uma maior divulgação da organização e na sensibilização das empregadas domésticas sobre a existência da mesma.
“O ano de 2023 foi razoável em termos do nosso trabalho e também de acordo com a realidade do nosso país. Tivemos um pequeno aumento [do salário], congratulamos com esta medida, apesar de ainda não termos atingido o valor desejável e merecido”, afirmou.
Avançou, que neste momento, cerca de duas dezenas de empregadas domésticas encontram-se a participar numa formação em matéria de cuidados e trabalhos domésticos, promovida pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG).
“Esta acção de formação é uma mais-valia para a nossa classe porque nos irá permitir desempenhar melhor as nossas funções. Temos que ser munidas de melhores instrumentos porque uma empregada capacitada é diferente de uma que não tem formação”, declarou.
Maria Gonçalves apontou a atribuição da pensão social de velhice como uma das preocupações das empregadas domésticas, considerando que esta medida irá promover maior dignidade à classe e garantir uma velhice melhor às mulheres que ocupam a profissão.
“O despedimento sem justa causa continua a ser maior constrangimento enfrentado pelas empregadas domésticas, sem contar que o nosso salário não é digno. Muitos empregadores recusam ainda inscrever as empregadas domésticas na previdência social, não respeitam a lei, e isso está a desmotivar os jovens de entrar nessa classe que não está sendo valorizada”, reclamou, apelando ao cumprimento da lei.
A presidente da ASED-CV reiterou que a maior reivindicação dos colegas é um “salário digno” para apoiar os filhos nos estudos e que sejam inscritos no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), para que possam beneficiar de assistência médica e medicamentosa.
Adiantou, por outro lado, que a ASED-CV quer continuar a apostar muito na sensibilização e em acções de capacitação da classe, visando a inscrição de mais membros, que, por sua vez, irá contribuir no reforço da luta pelos direitos das empregadas domésticas.
Para este ano almeja que a implementação da carteira profissional das empregadas domésticas seja uma realidade, tendo neste sentido congratulado com os esforços que estão sendo feitos pelo Governo para a materialização desta iniciativa.
As mulheres representam 94 por cento (%) dos trabalhadores domésticos em Cabo Verde. As empregadas domésticas representam seis por cento dos trabalhadores activos no país.
A ASED-CV foi constituída no dia 29 de Julho de 2018, na cidade da Praia, tendo Maria Gonçalves sido eleita a primeira presidente. A organização conta com o apoio da Associação Cabo-verdiana de Luta contra a Violência Baseada no Género (ACLVBG) e tem um âmbito nacional.
CM/CP
Inforpress/Fim
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