Cidade da Praia, 27 Mar (Inforpress) – A Associação Cabo-verdiana de Ecoturismo (Eco-cv) manifestou-se hoje “preocupada” com o uso de jet-skis na praia de Quebra Canela, lembrando que o uso dessas motos nas proximidades deve manter uma distância determinada.
Em declarações à Inforpress, a presidente de Eco-cv Edita Magilevicinte, adiantou que, ao ir à praia de quebra Canela para tomar banho de mar, como tem sido um hábito seu, deparou com esta situação, que tem sido exibido e divulgado através das redes sociais, desde Dezembro último.
Explicou que, normalmente, nesta época Fevereiro, Março, Abril e Maio as baleias de bossa e suas crias frequentam a Baía de Quebra Canela por ser uma área segura, rasa e onde a água está calma.
“A baleia de bossa a cada ano tem vindo do norte da Europa para reprodução e neste momento aqui temos muito pouca informação sobre pontos quentes das baleias de bossa, sabemos apenas que a Baía de Sal Rei na Boa Vista já é confirmado, Tarrafal de Santiago e Quebra Canela”, disse.
Entretanto avançou que até Dezembro de 2023, nunca tinham constatado essa situação e que esta área era frequentado apenas por barcos de pescadores e caiaque, o que é permitido.
Edita Magilevicinte disse estar preocupada porque o uso frequente de jet-skis nesta área de Quebra Canela é uma prática anti-social, anti-ambiental, provoca poluição sonora, química, contamina a água e terá impactos na biodiversidade marinha.
Afirmou que existem zonas definidas onde podem operar, neste caso a praia da Gamboa, pelo menos a 300 metros da zona costeira onde a profundidade é mais de 50 metros, mas não podem fazer na profundidade de 10 a 15 metros como no caso de Quebra Canela.
Segundo explicou, o motor de jet-skis varia de 100 a 300 cavalos, produzem níveis de ruído na faixa de 85 a 102 decibéis por unidade e cada vez que entra novamente na água, a mota bate na superfície com um gole explosivo e com manobras rápidas e mudanças frequentes de velocidades.
“Chegamos a falar também com os pescadores artesanais que nos disseram que os peixes já não entram na Baía por causa da poluição sonora e da força provocada pelo motor do jet-skis, e nesta zona de Quebra Canela tem espécies como baleia de bossa, tartarugas, peixes endémicos, peixes de importância comercial e todos esses animais são perturbados”, sublinhou a responsável.
“Acho que muitas pessoas que usam esses aparelhos não têm informação sobre o impacto que estão a causar, nem a zona onde é permitido fazer esta prática, mas de qualquer maneira numa baía de tão rasa como Quebra Canela simplesmente não pode”, apontou.
Edita Magilevicinte manifestou-se também “preocupada” sendo que já comunicaram ao Instituto Marítimo Portuário, (IMP), ao Instituto do Mar (IMar), à Direcção Nacional do Ambiente, (DNA) ao Ministério da Agricultura do Ambiente e não obtiveram nenhuma resposta.
Assegurou que na altura, chegaram a falar com a Polícia Marítima que se encontrava na zona de Quebra Canela, que lhes informaram que a autorização para esta prática é atribuída pelo IMP.
"Será que o IMP não tem informações sobre os impactos negativos que esta prática provoca à biodiversidade marinha”, questionou a presidente que sublinhou que antes de atribuir qualquer autorização para actividade que pode ter impacto negativo na biodiversidade marinha deve ser feito uma avaliação do impacto ambiental.
Acrescentou ainda que chegaram a questionar essas pessoas que lhes asseguraram ter autorização para a prática desta actividade e que não tem nenhuma informação sobre os impactos negativos, nem sobre código de conduta e sobre onde podem operar.
Entretanto disse que estão abertos e disponíveis para prestarem esclarecimento sobre os impactos que esta actividade pode causar à biodiversidade, sendo que existem pesquisas a nível mundial que comprovam.
Afirmou que existem zonas definidas onde podem operar, neste caso a praia da Gamboa, pelo menos a 300 metros da zona costeira onde a profundidade é mais de 50 metros, mas não podem fazer na profundidade de 10 a 15 metros como no caso de Quebra Canela.
A Inforpress tentou entrar em contacto, via telefone, com a capitania dos Portos de Sotavento para maiores esclarecimentos, mas até a altura não foi possível.
AV/HF
Inforpress/Fim
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