Género: Violência política e pressão familiar travam ascensão das mulheres a cargos de liderança municipal

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Género: Violência política e pressão familiar travam ascensão das mulheres a cargos de liderança municipal
22/12/25 - 01:26 pm

Picos, São Salvador do Mundo, 22 Dez (Inforpress) – A violência política, a pressão familiar e a dificuldade de conciliação com a vida privada foram apontadas hoje, em São Salvador do Mundo, como os principais obstáculos à participação feminina nos cargos políticos de maior visibilidade no país.

As conclusões saíram de uma jornada de reflexão sobre a participação política sob a lente do género, promovida pelo Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), no âmbito do Dia Internacional da Democracia.

Segundo a presidente do ICIEG, Mariza Carvalho, embora a Lei da Paridade tenha trazido avanços significativos nas eleições autárquicas de 2024, a representação plena na presidência das câmaras municipais continua a ser um desafio.

A responsável sublinhou que cargos de maior exigência expõem as mulheres a "níveis elevados de violência política e digital", além de chocarem com a desigualdade na partilha das responsabilidades domésticas.

As recomendações recolhidas neste encontro servirão de base para a revisão do Plano Nacional de Igualdade de Género, prevista para 2026.

Na mesma linha, o representante do Escritório Conjunto do PNUD, UNICEF e UNFPA em Cabo Verde, Frédéric Mbassa, alertou para o impacto crescente da violência nos espaços digitais, citando dados globais que indicam que cerca de 60 por cento (%) das mulheres com acesso à Internet já foram vítimas de violência ‘online’.

O responsável destacou ainda que, apesar de Cabo Verde estar próximo da paridade a nível municipal, o cenário mundial continua preocupante, com apenas 27,3% de representação feminina nos parlamentos, defendendo acções preventivas, educativas e regulamentares para garantir ambientes políticos mais seguros e inclusivos.

O presidente da Câmara Municipal de São Salvador do Mundo, Ângelo Vaz, corroborou esta visão, reconhecendo que a "agressividade no debate político" e os factores culturais continuam a desencorajar as lideranças femininas.

Para o autarca a paridade não se esgota na lei, sublinhando que é necessário criar condições reais para que as mulheres participem sem medo de exposição pública, ataques pessoais ou familiares, reforçando que a presença feminina contribui para decisões mais equilibradas e consensuais.

A jornada de reflexão enquadra-se nas comemorações do Dia Internacional da Democracia e integra uma iniciativa nacional do ICIEG, em parceria com os municípios, a Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde e o Escritório Conjunto do PNUD, UNICEF e UNFPA.

DV/CP

Inforpress/Fim

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