Cabo Verde pode produzir e vender hidrogénio para barcos que circulam no Atlântico – especialista (c/áudio)

Mindelo, 17 Dez (Inforpress) – O especialista na área da Economia Azul Gunter Pauli considerou hoje, no Mindelo, que Cabo Verde tem condições para produzir 100 mil toneladas de hidrogénio e vendê-lo aos navios que circulam entre Europa e os Estados Unidos.

Gunter Pauli falava durante uma visita ao Porto de Cruzeiros do Mindelo, enquadrada no projecto “Carteira de oportunidades para as ilhas de Cabo Verde”, desenvolvido no âmbito do acordo celebrado entre a sua empresa, a Blue Innovation, e a Enapor.

Segundo o especialista, a possibilidade de produzir 100 mil toneladas de hidrogénio, com recurso ao vento e à força da ondulação do mar, representa um potencial enorme que ninguém tinha identificado antes, uma vez que Cabo Verde pode assegurar o fornecimento a grandes navios que fazem o trânsito no Atlântico.

“Os maiores clientes são a população local, em primeiro lugar. Mas, em segundo lugar, o hidrogénio é para vender aos grandes transportadores e navegadores do mundo. Hoje, todos estão à procura de uma alternativa ao diesel, e o hidrogénio é considerado uma das maiores oportunidades, mas o problema é que não está disponível”, explicou.

Para Gunter Pauli, Cabo Verde, através das ilhas de Santo Antão, São Vicente e Sal, também tem potencial para produzir energia através do vento, tornando-se 100 por cento (%) autossuficiente, com capacidade de exportação.

Outra “grande oportunidade” do país, segundo a mesma fonte, é o aproveitamento da água negra, do lixo orgânico e dos resíduos provenientes dos cruzeiros para a produção de biogás, à semelhança do que já acontece no estado do Paraná (Brasil), transformado num centro de produção de biogás.

“É um nutriente para a terra, e a terra precisa de carvão, que se gera a partir do lixo, entre outros, o lixo dos cruzeiros. O lixo orgânico dos cruzeiros pode produzir biogás, e o resíduo do biogás pode gerar fertilizante, de que precisamos para ter uma agricultura positiva”, clarificou.

Conforme Gunter Pauli, durante a sua visita à ilha do Sal, também foram identificados 65 hectares para a produção de peixe e camarão, num ambiente “ideal para se tornar o centro de produção de camarão de toda a região”.

Acrescentou ainda que, no norte do Sal, foram identificados cerca de 100 hectares de terra destinados à produção de alimentos, com potencial para gerar 1.200 empregos.

“Isto substituirá a importação de frutas e legumes e é o potencial que vocês precisam para melhorar a nutrição”, informou o especialista, defendendo ainda que os hotéis devem transformar o lixo numa gestão de biogás, para que o país não precise importar esse recurso.

Segundo Gunter Pauli, a perspectiva é visitar todas as ilhas de Cabo Verde para identificar, em cada uma, as grandes oportunidades existentes.

Assim, além de São Vicente, Sal, Santo Antão e Santiago, estão previstas visitas às ilhas do Fogo e da Boa Vista.

CD/CP

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