
Cidade da Praia, 09 Dez (Inforpress) – Especialistas da Interpol e da Polícia Judiciária (PJ) defenderam hoje na cidade da Praia o reforço da cooperação técnica e do controlo fronteiriço para travar o tráfico de armas e a proliferação de armamento artesanal.
A posição foi manifestada no arranque da formação nacional que decorre em parceria com o Gabinete da Interpol de Cabo Verde, de hoje a quinta-feira, 11, e que se integra na estratégia de enfrentamento ao tráfico ilícito de armas, fenómeno frequentemente associado a redes de criminalidade organizada, incluindo o tráfico de drogas.
Momentos antes da cerimónia de abertura, o coordenador de Programas de Armas de Fogo e Tráfico de Armas da Interpol, Joaquim Rodrigues, reforçou que o combate a este tipo de criminalidade é, por natureza, transnacional, exigindo que os países estejam “devidamente preparados, com ferramentas adequadas e capacidade para as utilizar”.
Segundo explicou, a Interpol tem desenvolvido instrumentos e metodologias específicas para rastreamento, identificação e controlo da circulação de armas, sobretudo ilícitas, reforçando também as competências nacionais no controlo interno e nos sistemas de registo.
Contudo, alertou para desafios emergentes, como as armas artesanais, armas impressas em 3D e armas montadas a partir de componentes dispersos, que “fogem aos mecanismos tradicionais de controle e exigem novas soluções tecnológicas”.
Também o director do Centro de Formação da Polícia Judiciária (CFPJ), Agostinho Semedo, sublinhou a pertinência da formação, lembrando que grande parte dos crimes violentos no país, nomeadamente homicídios, têm sido cometidos com recurso a armas artesanais, conhecidas como “Boca Bedjo”, facilmente produzidas em pequenas oficinas.
“Trata-se de um fenómeno que inquieta as forças de segurança, não apenas pelas armas em si, mas pelo impacto directo na segurança interna, com mortes, ferimentos graves e aumento de assaltos”, afirmou.
Semedo vincou ainda a necessidade de reforço no controlo de munições de calibre 12, frequentemente usadas nestas armas e cuja origem é externa, o que exige cooperação internacional e maior vigilância aduaneira.
O responsável da PJ realçou que a articulação entre Polícia Judiciária, Polícia Nacional, Laboratório de Polícia Científica e Interpol permitirá aperfeiçoar técnicas de investigação, recolha de vestígios, rastreamento balístico e preservação da cadeia de custódia, aspectos considerados fundamentais para o combate eficaz ao fenómeno.
A formação conta com a participação de efectivos da PJ, PN e ‘personal’ técnico-forense, e visa fortalecer competências em análise balística, identificação de armas, investigação de crimes cometidos com arma de fogo e mecanismos internacionais de rastreamento.
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Inforpress/Fim
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