
Tarrafal, 24 Nov (Inforpress) – O Ministério da Cultura, através do Instituto do Património Cultural, promove, de 25 a 27 deste mês, um ateliê técnico sobre o processo de inscrição do Campo de Concentração do Tarrafal na Lista do Património Mundial da Unesco.
De acordo com uma nota enviada à Inforpress, o encontro acontece em parceria com o Fundo Africano do Património Mundial (AWHF), no auditório do Campo de Concentração no município do Tarrafal.
Visa consolidar a preparação do dossiê final de candidatura deste sítio histórico, cuja submissão está prevista para Janeiro de 2026, garantindo que todos os elementos patrimoniais e técnicos estejam rigorosamente documentados, acrescenta a mesma fonte.
Instituído em 1936 pelo regime colonial português, o Campo de Concentração do Tarrafal funcionou como local de detenção para antifascistas e combatentes anticoloniais de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde, tornando-se, ao longo das décadas, num “importante” testemunho da resistência africana e da luta pela liberdade, justiça e dignidade humana.
O processo de candidatura, segundo o documento, tem evoluído de forma sistemática e fundamentada, sendo que em 2024, Cabo Verde submeteu ao Centro do Património Mundial da Unesco o Pedido de Análise Preliminar, e em Outubro de 2025, o ICOMOS reconheceu o sítio como detentor de elevado potencial para inscrição sob o Critério (vi), recomendando a continuidade do processo.
O ateliê técnico, conforme a nota, surge neste contexto como um instrumento estratégico para aprofundar e consolidar o dossiê de candidatura, nomeadamente a Declaração de Valor Universal Excepcional, a integridade e autenticidade do sítio, a análise comparativa e o quadro de gestão e protecção.
Durante três dias, cerca de 30 participantes, entre técnicos do Instituto do Património Cultural (IPC), autoridades locais, representantes comunitários e especialistas internacionais, vão proceder à revisão detalhada dos componentes centrais do dossiê.
Está igualmente prevista uma visita técnica ao campo para uma leitura partilhada dos valores patrimoniais e das prioridades de conservação, reforçando a dimensão humana e colectiva do trabalho de preservação.
Conforme a mesma fonte, o IPC assegura a coordenação institucional e logística do ateliê, enquanto o Fundo Africano do Património Mundial (AWHF) financia o evento e garante o acompanhamento técnico especializado.
A realização desta iniciativa é considerada um avanço concreto e mensurável no processo de inscrição do Campo de Concentração do Tarrafal – Museu da Resistência na Lista do Património Mundial da Unesco, integrando rigor científico e valorização histórica, e promovendo o diálogo entre memória, comunidade e especialistas internacionais.
DV/ZS
Inforpress/Fim
Partilhar