Associação dos Armadores de Pesca defende modernização do sistema de lotas para impulsionar o sector das pescas

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Associação dos Armadores de Pesca defende modernização do sistema de lotas para impulsionar o sector das pescas
05/11/25 - 07:54 pm

Cidade da Praia, 05 Nov (Inforpress) – O presidente da Associação dos Armadores de Pesca de Santiago defendeu hoje que a criação de um sistema moderno de lotas em Cabo Verde é essencial para garantir segurança alimentar, transparência e melhores rendimentos aos pescadores.

Em declarações à Inforpress, no âmbito da Ocean Week, onde será apresentada a experiência e as boas práticas do sistema de lotas dos Açores pelo administrador da Lotaçor – Serviço de Lotas dos Açores, Samora Barros afirmou que a iniciativa representa “um passo importante” para repensar a cadeia de valor da pesca em Cabo Verde.

“O sistema de lotas traz uma nova dinâmica para o sector, com benefícios para todos os intervenientes. Mas é preciso adaptá-lo à nossa realidade geográfica e operacional. Em Santiago, por exemplo, há vários portos de descarga e seria necessário concentrar e certificar o pescado num ponto comum, como o Porto da Praia”, referiu.

Segundo o dirigente, a criação de um sistema estruturado de lotas contribuirá não apenas para garantir padrões geossanitários e segurança alimentar, mas também para combater a pesca ilegal e melhorar a gestão do mercado.

“Com as lotas, todo o pescado passa a ser rastreado e certificado, o que reforça a transparência e estabiliza os preços, evitando grandes oscilações no mercado”, explicou.

Samora Barros destacou ainda o impacto económico directo da medida, ao assegurar pagamentos mais rápidos aos pescadores e maior previsibilidade financeira ao sector.

“Hoje, o pescador pode esperar até 15 dias para receber o que vendeu. Com as lotas, esse processo pode ser mais célere e justo, estimulando a produtividade”, frisou, apelando à criação de mecanismos de crédito que permitam às peixeiras comprar o pescado sem atrasos.

O presidente dos Armadores de Santiago sublinhou, por outro lado, a importância de uma cooperação técnica com os Açores para a partilha de conhecimento e capacitação dos agentes nacionais.

“Cabo Verde precisa desse know-how. A experiência açoriana pode ajudar-nos a construir um modelo eficiente, sustentável e ajustado às nossas condições”, afirmou.

Para Samora Barros, a modernização do sistema de comercialização do pescado é “inevitável” e “marca o início de uma nova fase” no sector das pescas.

“Tudo o que é novo gera dúvidas, mas é preciso avançar. A lota representa o futuro do sector e a base para um mercado mais justo e organizado”, concluiu.

O painel dedicado à transformação das cadeias de valor aquáticas nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento (SIDS) integra a programação da Ocean Week, que decorre esta semana no Mindelo, reunindo especialistas de vários países.

CM/JMV

Inforpress/Fim.

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