Cidade da Praia, 10 Out (Inforpress) –A investigadora da Universidade de Aveiro Teresa Amaro defendeu hoje a criação de uma área marinha protegida em Tarrafal de Monte Trigo, Santo Antão, por considerar que a diversidade e densidade de espécies se encontram bastantes reduzidas.
A proposta foi apresentada durante o painel “Ciência Encontra a Sociedade – Exemplos de cooperação internacional atendendo às necessidades locais / Resultados das Expedições Científicas 2025”, no âmbito da IV Conferência da Década do Oceano, promovida pela Presidência da República, nos dias 10 e 11 de outubro, na ilha do Fogo.
A investigadora explicou que os dados recolhidos nos últimos três anos apontam para a necessidade de proteger ecossistemas marinhos sensíveis em torno de Santo Antão, nomeadamente as florestas de coral negro e gorgónias.
“Ao reunir todos esses dados, recomendamos aos decisores políticos a formação de áreas marinhas protegidas”, sublinhou, realçando que o desejo da comunidade local é recuperar os valores ecológicos do passado.
Teresa Amaro referiu que, além do Tarrafal de Monte Trigo, há outras zonas que merecem atenção especial, como a parte leste da ilha, incluindo a Janela e a Ponta do Tubarão, consideradas “hotspots” de biodiversidade marinha.
Também na zona da Cruzinha foram identificados locais ricos em gorgónias, igualmente recomendados para protecção.
A cientista propôs que algumas áreas sejam temporariamente interditadas a actividades humanas, permitindo a recuperação natural dos ecossistemas.
“Nós recomendamos fechar a qualquer dano antropogênico, como cabos, aquacultura, fechar durante cinco anos e com acções de recuperação do ecossistema, esperar que o ecossistema recupere”, referiu.
Durante a sua intervenção, destacou ainda a importância da cooperação com as comunidades locais e da promoção do ecoturismo sustentável.
“Trabalhamos em parceria com a ONG Terra e Mar e com a Biosfera, em que nós estamos a consciencializar a população local que quer retomar os valores do passado”, afirmou.
Teresa Amaro salientou que o envolvimento das comunidades piscatórias é essencial para o sucesso do projecto “.
“Sem eles, o meu trabalho não seria possível. Eu aprendo muito com os pescadores, e eles aprendem um pouco comigo. Esta colaboração entre ciência e comunidade local deve continuar e reforçar-se”, concluiu.
AV/JMV
Inforpress/Fim
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