Fogo: IV edição da Festa do Queijo terminou hoje com concurso de melhor queijo artesanal

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Fogo: IV edição da Festa do Queijo terminou hoje com concurso de melhor queijo artesanal
19/07/25 - 08:02 pm

São Filipe, 19 Jul (Inforpress) - A quarta edição da Festa do Queijo, organizada pela Associação Ka Djidja, terminou hoje com a realização do concurso de “melhor queijo tradicional” e do “maior buli de leti” (maior cabaça de leite, em português).

Esta edição, segundo o presidente da Associação Ka Djidja, Pedro Matos, foi marcada por uma participação mais engajada, ainda que numericamente menor, dos criadores locais na formação de quatro dias sobre as boas práticas na ordenha tradicional, com sessões teóricas e práticas. 

Para o presidente da associação, esse envolvimento mais efectivo, com destaque para a formação prática, foi um dos maiores avanços desta edição.

“Os criadores participaram directamente em acções de campo, como a deslocação a um curral, onde realizaram análises e leitura de testes de mastite. Muitos ficaram surpreendidos com os resultados, percebendo o impacto real do controle de qualidade na produção de queijo”, destacou Pedro Matos, sublinhando que é uma forma de oferecer ao consumidor um produto mais seguro e, ao mesmo tempo, dar ao produtor a certeza do que está a fazer.

Outro ponto alto da edição foi a continuidade do trabalho com mulheres formadas no ano passado, que agora deram um passo adiante ao transformar o queijo em novos produtos de valor agregado, como queijos ralados e sobremesas.

“As ideias estão a nascer e a festa já não é apenas um evento, é um motor de transformação contínua”, afirmou Pedro Matos.

Nesta edição, a Associação Ka Djidja optou por não participar directamente do concurso de queijos artesanais, delegando a responsabilidade da escolha do júri às associações locais. 

“Queremos transferir responsabilidades para fortalecer a confiança e a autonomia da comunidade. Mas é preciso haver conteúdo e formação para sustentar esse crescimento”, defendeu o presidente da associação Ka Djidja.

Apesar do sucesso da festa, Pedro Matos também fez críticas à fraca presença de instituições públicas no acompanhamento diário dos criadores.

“Hoje é um dia bonito, mas o apoio técnico e institucional precisa existir para além do momento da festa. A ilha do Fogo não pode continuar com carência de técnicos veterinários”, alertou.

Pedro Matos denunciou a aplicação de uma nova legislação sem a socialização e o devido conhecimento dos pequenos produtores.

“Há uma lei em vigor que não foi socializada. O Estado exige, fiscaliza, mas não garante formação nem acesso adequado à informação. Publicar uma lei não é o mesmo que torná-la acessível a quem mais precisa”, alertou.

O tradicional concurso de “queijo artesanal” contou com a participação de 31 produtores e o vencedor desta edição foi Danilson Correia Pires, com 149 pontos, seguido por Fábio Centeio (143 pontos) e Manuel Inácio da Silveira (142 pontos). 

Os três primeiros classificados receberam prémios monetários de 50, 30 e 20 mil escudos, respetivamente, disponibilizados pela câmara de São Filipe.

Outro momento de destaque foi o concurso do "maior buli di leti", que reuniu mais de uma dezena de participantes, reforçando o espírito cultural e tradicional do evento.

Com o sucesso consolidado, a quinta edição da Festa do Queijo, marcada para o próximo ano, já impõe novos desafios e responsabilidades, segundo o presidente da Associação Ka Djidja.

“A probabilidade de retrocesso é cada vez menor. Precisamos criar uma agenda consistente e contínua, que envolva a comunidade e fortaleça o sector”, concluiu Pedro Matos.

Além dos concursos, o último dia da quarta edição da Festa do Queijo contou a feira agropecuária, entrega de certificados, espectáculo com música tradicional.

JR/JMV

Inforpress/Fim 

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