Cidade da Praia, 28 Mai (Inforpress) - O Presidente da República orgulha-se do percurso “notável” da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), defendendo que os desafios actuais que se colocam à região impõem uma “reflexão crítica e uma renovada ambição”.
José Maria Neves manifestou esse sentimento numa mensagem enviada por ocasião da celebração dos 50 anos da CEDEAO, assinalado hoje, 28 de Maio, evocando com orgulho o “percurso notável” que a organização sub-regional tem trilhado.
“A CEDEAO deve ser capaz de se reinventar face às profundas transformações económicas, às rápidas evoluções tecnológicas e às novas dinâmicas geopolíticas que moldam o século XXI”, sublinhou, observando, que a sua reforma não pode limitar-se a ajustes técnicos ou estruturais, antes exigindo uma redefinição estratégica do seu mandato, instrumentos e das suas prioridades, com vista a garantir uma integração “verdadeiramente eficaz, resiliente e inclusiva”.
Reconhecendo, por outro lado, que ao longo destas cinco décadas, a integração económica afirmou-se como um “instrumento incontornável” para o progresso da África Ocidental, José Maria Neves disse que a instabilidade política, os golpes de Estado, as rupturas constitucionais e as ameaças terroristas que afligem a sub-região recordam que a paz continua a ser uma construção “frágil e inacabada”.
“A prosperidade duradoura só é possível onde houver instituições legítimas, justiça social e respeito pelos direitos fundamentais. Neste sentido, a revitalização da CEDEAO deve passar por um compromisso inequívoco com a democracia, o Estado de Direito e os direitos humanos, pilares sem os quais nenhuma integração será sustentável e nenhuma paz poderá florescer”, analisou.
A este respeito, julga que importa revalorizar o espírito e o conteúdo do protocolo da CEDEAO sobre Democracia e Boa Governação, adoptado em 2001.
“Este instrumento fundamental consagrou, de forma pioneira, os princípios da governação legítima, da justiça social e da prevenção de conflitos. Hoje, mais do que nunca, é urgente garantir a sua plena implementação, enquanto base normativa para a construção de sociedades justas, inclusivas e pacíficas”, instigou, reafirmando o apoio de Cabo Verde a uma governação democrática, transparente e participativa na sub-região.
Para o mais alto magistrado da nação, uma CEDEAO “verdadeiramente transformadora” será aquela que escuta os seus povos, que promove o diálogo local e valoriza a diversidade como força.
Destacou ainda o “papel determinante” da juventude, que representa mais de 60% da população regional, a qual, conforme salientou, deve estar no centro das estratégias de integração, inovação e transformação social.
“A celebração deste cinquentenário é, pois, mais do que uma evocação do passado, é um apelo à acção. Que este aniversário constitua não apenas um tributo ao caminho percorrido, mas também um ponto de partida para uma CEDEAO mais integrada, mais democrática e verdadeiramente pacífica”, concluiu, parafraseando Amílcar Cabral: “A luta não é apenas para ter pão, mas para ter dignidade”.
“Renovemos essa luta, agora pela paz, pela democracia e pela prosperidade de todos os povos da África Ocidental”, desafiou.
Ainda, pela celebração da efeméride, o Presidente da República endereçou hoje uma carta de felicitações ao seu homólogo da Nigéria e Presidente em exercício da Autoridade dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, Bola Ahmed Tinubu.
SC/CP
Inforpress/Fim
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