Boa Vista: PAICV critica Governo por "só arrecadar" receitas do turismo e ignorar questões ambientais

Sal Rei, 19 Mar (Inforpress) – O PAICV na Boa Vista manifestou hoje a sua preocupação com os problemas ambientais na ilha e criticou o Governo de não dar a devida importância ao tema e só se preocupar com as receitas do turismo.

Estas posições foram assumidas pelo presidente da Comissão Política Regional do PAICV da Boa Vista, Joel Spencer, em conferência de imprensa, defendendo que, apesar dos investimentos, a Câmara Municipal, sozinha, não consegue dar respostas à grande demanda da ilha neste sector.

“O saneamento ambiental é um serviço que deve ser pauta tanto da população, da gestão pública local, mas essencialmente central, (…) Infelizmente, o descaso, a leveza com que o Governo e os que o suportam tratam os problemas da ilha da Boa Vista é alarmante”, afirmou.

Joel Spencer usou como exemplo o caso da ETAR que até ainda a autarquia suporta, o facto de o município não ter uma rede de esgoto, a sobrecarga do aterro municipal pelos investimentos turístico e o rastro ambiental e ecológico deixado.

“Qual é a presença do Ministério do Ambiente, se não vir taxar tartarugas, baleias? A população da Boa Vista desconhece a existência de um Ministério do Ambiente, se não quando é para vir buscar dinheiro”, criticou.

O dirigente do PAICV recordou que o Governo festejou com “pompa e circunstância” a ultrapassagem da cifra de 1 milhão de turistas em 2023, um marco importante para o Governo, pois, sublinhou, entre taxa ambiental, taxa turística, taxa de segurança aeroportuária e outras, foram “milhões e milhões” de contos.

E prosseguiu: “E a Boa Vista, a segunda maior ilha turística do país, que recebeu mais de 261 mil turistas, com uma estadia média de 8,3 dias, desses milhões voltaram pouco mais de 9 mil contos no mesmo ano, enquanto que o rastro ambiental ecológico deixado por esses turistas é enorme”.

Segundo Joel Spencer, estima-se que cada turista produz cerca de 1,2 kg de lixo por dia, o que quer dizer que só em resíduos sólidos, foram mais de 2,5 milhões de kg de lixo em 2023.

Concluindo, o dirigente apelou ao MpD que se junte ao PAICV na “busca de soluções para a ilha, e ao Governo que não abandone a ilha com as despesas, que partilhem as receitas do turismo e que acelerem a materialização dos projetos de água e saneamento, pois a ilha precisa e merece”.

MGL/JMV

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