Tarrafal, 03 Mar (Inforpress) – As vendedeiras participantes na Feira das Cinzas, no município do Tarrafal, expressaram preocupação com as vendas, que estão aquém das expectativas, mesmo com os preços dos produtos mais acessíveis em comparação aos anos anteriores.
Em declarações à Inforpress, as vendedeiras e clientes desabafam que, embora o valor dos produtos agrícolas tenha diminuído, o poder de compra dos consumidores não acompanhou essa tendência.
Joana Mendes, uma peixeira que há anos participa da feira, afirmou que as vendas começaram fracas, mas mantém a esperança de que a situação melhore nos próximos dias.
“O que mais tenho são peixes, como atum e serra, que normalmente atraem muitos clientes. Porém, este ano, a procura está baixa”, lamentou.
Maria Filomena Gomes é outra vendedeira com mais de 20 anos de experiência, e compartilhou sentimentos semelhantes.
No seu stand, diz estar a oferecer aos clientes peixe seco e fresco, além de mel, mas também notou que a animação das vendas está em falta.
“O preço do peixe está alto porque a pesca não tem sido boa devido às condições do mar”, disse, admitindo que este produto está com um preço mais elevado do que os outros anos, mas que os produtos agrícolas estão mais acessíveis, conforme confirmou também Vicenta Monteiro, que tem uma vasta gama de verduras e legumes disponível para venda.
A vendeira ressaltou que, apesar da abundância de chuvas que resultou em preços mais baixos, as vendas não estão expressivas como em anos anteriores.
“Muitas pessoas viajaram e muitas das que ficaram não estão em condições de participar das festividades”, disse.
Nesta feira, também estão a participar vendedeiras de outros municípios e com a mesma percepção das de casa, como a Maria Sanches, do município de São Miguel, que considerou a situação “preocupante” em toda a região.
“A venda está fraca e o rendimento, baixo. Mas seguimos com a esperança de que na terça-feira as vendas melhorem”, afirmou, enquanto apresentava diversos produtos agrícolas.
Já a Antónia Tavares é da cidade da Praia, mas que já participa das feiras no Tarrafal há anos, reconheceu os desafios enfrentados pelos vendedores.
“Nem todos os dias conseguimos vender uma quantidade razoável, mas a luta continua”, ressaltou, sublinhando que mesmo que pouco é possível levar algum ganho para casa.
Do lado dos consumidores, Marcelina Santos comentou que fez as suas compras e não teve muito a reclamar dos preços, excepto do peixe seco, que considerou um pouco caro.
“A festa de Cinzas está mais restrita, mas todos estão comemorando de acordo com as suas possibilidades”, observou esta cliente, reforçando que nem todos, hoje, conseguem compor mesa farta, mas o pouco da tradição é mantido.
Aliás, Juliana Fortes complementou, dizendo que mesmo que nem todas as famílias cozinhem pratos típicos, muitos ainda buscam opções simples, como um cuzcuz com mel, ou o xerém, entre outras opções menos caras.
Da parte da Câmara Municipal do Tarrafal, Jaquelino Cortez, director do Mercado Municipal do Tarrafal, explicou que a feira é parte das festividades de Cinzas e visa dinamizar a economia local, promovendo também o intercâmbio entre vendedeiras de diferentes municípios.
Este ano, avançou que a organização melhorou os stands para proporcionar mais conforto aos feirantes e clientes.
Segundo a mesma fonte, a feira começou no dia 3 e se estenderá até o dia 8 de Março, com a expectativa de que a população aproveite a oportunidade de visitar o evento, que conta com cerca de 70 stands e a participação de 90 feirantes, oferecendo produtos tradicionais que são fundamentais para a celebração da festa.
Na região Santiago Norte, somente São Salvador do Mundo e Santa Catarina não fizeram esta feira, estando os outros quatro municípios, nomeadamente, São Lourenço dos Órgãos, São Miguel, Santa a Cruz e Tarrafal em feira durante estes dias, com o intuito de criar oportunidades de negócios aos produtores agrícolas e operadores da restauração, mas também apresentar aos clientes os produtos necessários para o almoço no dia de Cinzas.
MC/JMV
Inforpress/Fim
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