Espargos, 28 Fev (Inforpress) – O Sindicato da Indústria, Comércio e Turismo (Sicotur) alertou hoje que avança para uma rave geral caso as entidades empregadoras do Grupo Riu não demostrem disponibilidade para negociar a melhoria das grelhas salariais e a dignidade dos trabalhadores.
Esta decisão foi comunicada hoje pelo presidente do Sicotour, Nilton Vaz, em conferência de imprensa, para alertar sobre a situação laboral que tem se agravado nos últimos anos, especialmente após a pandemia e que trouxe “sérias dificuldades” para o sector do turismo.
Conforme o sindicalista, o Sicotur tem adoptado uma estratégia “construtiva de diálogo” com os responsáveis do grupo Riu Cabo Verde, não apenas para discutir as responsabilidades para com os trabalhadores, mas também para promover um entendimento que favoreça o equilíbrio entre as partes.
“A situação laboral tem-se agravado nos últimos anos, especialmente após a pandemia, e em Cabo Verde, a realidade dos trabalhadores tem sido difícil e desafiadora, com muitos sendo forçados a suportar condições de trabalho indignas", frisou.
(…) embora reconheçamos e valorizemos os investimentos realizados no sector de turismo, é essencial que as entidades governamentais assegurem que as normas trabalhistas e os direitos dos trabalhadores sejam rigorosamente respeitados”, continuou.
Para Nilton Vaz, um dos problemas mais críticos identificados é o facto de muitos trabalhadores permanecerem com o mesmo salário por mais de 10 a 15 anos.
“O Sindicato tem solicitado, de forma incansável, a criação de um acordo colectivo de trabalho, que traria uma distribuição mais justa das responsabilidades e benefícios, proporcionando um equilíbrio real entre os direitos dos trabalhadores e as exigências do empregador”, disse.
Sublinhou que nos dias 20 e 21 de Fevereiro, a direcção teve a oportunidade de ouvir as preocupações de cerca de 500 trabalhadores, uma acção fundamental a seu ver, para dar voz a essa classe trabalhadora que, disse, tem sido constantemente ignorada.
“As reuniões foram uma forma de trazer à tona questões urgentes e sérias que afectam o dia a dia dos funcionários, com o objectivo de encontrar soluções para os problemas enfrentados. A ideia é expor essas preocupações ao público e às entidades reguladoras, buscando, assim, uma intervenção rápida e eficaz que possa reverter estas situações”, expressou.
Sublinhou que um dos maiores tabus que ainda não é devidamente abordado pelas entidades é o assédio, uma situação que Nilton Vaz disse que tem “saído de controlo do responsável do Hotel Riu”.
“Os trabalhadores são forçados a fazer horas extras contra sua vontade, especialmente sem a devida compensação ou descanso adequado, juntamente com as ameaças de represálias e substituições por outros trabalhadores dispostos a aceitar essas condições inaceitáveis devem ser imediatamente banidas”, denunciou.
Outro ponto que considerou alarmante, é o tratamento “desumano” a que muitos trabalhadores têm sido submetidos, como a eliminação de folgas por causa de uma baixa médica e jornadas de trabalho que chegam entre 9 a 11 dias seguidos sem descanso.
“O facto de que esse tipo de comportamento é encarado como “normal” dentro do Grupo Riu, ou minimizado pelos responsáveis, é um reflexo de uma cultura corporativa nociva que precisa ser modificada imediatamente", expressou o sindicalista.
Outras situações igualmente graves, conforme Nilton Vaz, tem a ver com as “promoções inadequado” dentro do Grupo, favorecendo amigos e familiares, o que prejudica a meritocracia e a transparência.
Adiantou ainda que o sindicato tem feito diversas solicitações para que os direitos dos trabalhadores sejam respeitados, mas não compreende a justificativa dada pelos responsáveis do Grupo Riu, que alegam aplicar a “Lei de Riu”.
“Estamos dispostos a dialogar com os responsáveis do Grupo Riu, mas é necessário que as condições de trabalho sejam melhoradas em termos de salários, respeito e dignidade para todos os trabalhadores (…) estamos prontos para apresentar um caderno reivindicativo detalhado e negociar com a mediação da Direção Geral do Trabalho”, sublinhou.
O sindicalista Nilton Vaz concluiu afirmando que caso não haja avanço nas negociações, o sindicato se “vê na obrigação de considerar a possibilidade de uma greve geral nos hotéis Riu, como medida de protesto para melhorias salariais, melhores condições de trabalho e a dignidade dos trabalhadores”.
NA/JMV
Inforpress/Fim
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