Rui Semedo diz que as medidas do Donald Trump preocupam o PAICV

Cidade da Praia, 22 Jan (Inforpress) – O líder do PAICV (oposição), Rui Semedo, afirmou hoje que as medidas que Donald Trump anunciou, esta segunda-feira, preocupam "claramente" o seu partido, mas foi dizendo que o novo Presidente é escolha dos norte-americanos.

"Temos apenas que respeitar a escolha e a preferência dos cidadãos norte-americanos", acentuou o presidente do maior partido da oposição, acrescentando que Cabo Verde tem de ter um "Governo muito activo na sua política externa e que desenvolva um diálogo muito forte com o Governo dos Estados Unidos da América e que reforce as relações bilaterais entre os dois países, com vista a beneficiar a nossa comunidade emigrada nos EUA".

"É papel do Estado de Cabo Verde desenvolver acções, pela via diplomática, que visem proteger a nossa comunidade e garantir a protecção de todos os cidadãos individualmente", indicou Rui Semedo, para quem o executivo de Ulisses Correia e Silva deve estabelecer negociações com o Governo dos EUA, em ordem a encontrar "mecanismos que garantam a protecção dos cabo-verdianos neste país".

Na sua perspectiva, vive-se num “contexto complexo”, de conflito e de guerras e que exigem uma “diplomacia muito mais afinada” para, não só no quadro bilateral, mas também no multilateral, ter “posições maduras e responsáveis” que tenham em conta os interesses de Cabo Verde e da sua vasta comunidade espalhada pelo mundo.

Para o presidente do partido da estrela negra, neste momento, o País necessita de uma "diplomacia de maior intensidade e com maior qualidade e que reflicta um amplo entendimento nacional, para que todos possam ter, de uma maneira ou outra, um papel nesta matéria".

"Neste momento, todos os países do mundo estão a falar sobre este virar de página e, eventualmente, uma nova política externa dos Estados Unidos e Cabo Verde tem de estar atento às mudanças que estão a acontecer", sugeriu Rui Semedo.

Sobre a retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde, entende que qualquer perspectiva no sentido de fragilizar organizações internacionais, como a OMS, é "preocupante", porque, justificou, os estados, principalmente os mais frágeis, como é o caso de Cabo Verde, precisam destas organizações.

"A OMS tem cumprido um papel importante a nível mundial e a nível dos países menos desenvolvidos, funcionando como um espaço, digamos, de seguimento das políticas e dos fenómenos sanitários que vão acontecendo", reconheceu o presidente do PAICV.

Segundo Rui Semedo, a retirada dos EUA do Acordo de Paris também inquieta o seu partido, uma vez que, disse, o impacto ambiental em Cabo Verde é "brutal".

"O aquecimento global é já uma ameaça cada vez mais real, pelo que os países devem manter a sua preocupação no que tange às questões ambientais e à agenda para se proteger o planeta das ameaças iminentes", admitiu o líder “tambarina”.

As relações entre Cabo Verde e os EUA são seculares, tendo os Estados Unidos acolhido milhares de cabo-verdianos e muitos, neste momento, se encontram em situação ilegal.

O novo Presidente norte-americano garantiu, no seu discurso de tomada de posse, esta segunda-feira, que irá expulsar “milhões e milhões” de imigrantes ilegais, um dos principais focos da sua campanha eleitoral.

Donald Trump tomou posse como 47º Presidente dos EUA, numa cerimónia realizada dentro do Capitólio, em Washington, D.C, devido ao frio extremo na capital norte-americana.

LC/CP
Inforpress/Fim